Galeria Leme, São Paulo, Brasil

by S I T U

Projeto de Paulo Mendes da Rocha em colaboração com os Metro Arquitetos Associados.


O projeto da galeria, comissionado ao arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, é uma verdadeira afirmação arquitetônica. Tanto na sua relação com o entorno, que denota uma postura assertiva porém defensiva e introspectiva. Como nos seus espaços interiores, abdicando do genérico “cubo-branco” em favor de uma rica espacialidade e materialidade. A sua construção, feita totalmente em concreto aparente, in situ, lhe dá o aspecto de um bunker firmemente enraizado neste local em constante mutação.

Logo após a construção do edifício, a área ao seu entorno começou a ser reconhecida por seu crescente potencial de desenvolvimento, e esta reapreciação aumentou o valor dos bens imobiliários e o interesse construtivo sobre aquela zona. Em 2010, todo o quarteirão onde o edifício se encontrava foi comprado, por uma das principais companhias multinacionais Brasileiras, para ai ser construído o edifício de sua nova sede. Consequentemente, a galeria teve de ser destruída e realocada, mas, tratando-se de um edifício de autor, este processo não prosseguiu sem antes ser instituído um acordo que salvaguardasse a continuidade da existência do projeto. Este estabelecia que a nova galeria seria reconstruída, a aproximadamente 300 metros da sua localização original, usando o projeto inicial como base. A nova galeria Leme, mais do que uma releitura da edificação anterior, se aproxima extremamente da ideia de clone.

Para além de ter sido deslocada e replicada, a galeria foi também ampliada, tendo sido acrescentado um novo edifício ao projeto inicial, resultado da colaboração entre Paulo Mendes da Rocha e o escritório paulistano Metro Arquitetos Associados.

A nova galeria, inaugurada em 2012, é composta por dois blocos de concreto aparente que acomodam, entre si, um espaço externo. Ambos edifícios são unidos, no primeiro andar, por uma passarela que atravessa este pátio central. Este espaço vazio humaniza a escala do edifício e torna a sua relação com o entorno mais generosa e complexa.

A história deste edifício pode ser tomada como uma representação, numa escala menor, dos processos evolutivos da cidade de São Paulo e de tantas outras metrópoles contemporâneas. Assentes num incessante ciclo de construção, demolição, deslocamento e reconstrução.

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