Antiga Real e Imperial Chapelaria a Vapor que pertencia à Costa Braga & Filhos, empresa que em 1866 estabeleceu a sua fábrica no atual n.º 49 da R. da Firmeza
Em pleno século XIX, a Chapelaria a Vapor Costa Braga & Filhos foi outro exemplo dos investimentos industriais de emigrantes portugueses no Brasil regressados a Portugal após enriquecerem:
após uma estadia de 24 anos no Brasil, onde esteve ligado à indústria dos chapéus e teve uma fábrica de chapéus com o seu conterrâneo José Antonio Fernandes Lopes (Braga), Francisco Autonio da Costa (Braga desde 1864, ano em que lhe foi deferido o seu requerimento 'pedindo a declaração, em sua carta de comerciante matriculado, 'acrescentar ao seu nome o apelido – Braga' porque acrescentar o nome do local de nascimento era uma forma de identificação tanto no ramo comercial como nos relacionamentos sociais por parte dos patrícios por meio de uma rede de solidariedade percebida nos registros das atividades comerciais e industriais, sobretudo a partir de 1850) se desligou da sua fábrica em 1865 e voltou para Portugal fundando no Porto em 1866 uma fábrica de chapéus de seda e de feltro que tinha anexa uma loja comercial situada na R. de Santo António, n.º 194;
apostando num sector que registava ainda um grande sucesso na exportação para o Brasil, mais uma vez, o seu fundador
investiu nesta fábrica não apenas o capital financeiro indispensável, como também aplicou aqui os conhecimentos adquiridos no seu percurso migratório no Brasil;
O Imperador do Brasil, D. Pedro II, Visita à chapelaria do Sr. Costa Braga nos sprimeiros dias de março de 1872 -
«Pelas três horas da tarde o Imperador, acompanhado do ex."" barão de Itaúna e dr. Forbes, visitou esta chapelaria a vapor, estabelecida na rua de Santo António.
O sr. Costa Braga e seus filhos receberam o imperial visitante com as maiores demonstrações de gratidão e respeito, e muito mais penhorados ficaram pela nimia delicadeza de Sua Majestade em querer conhecer pessoalmente a esposa do sr. Costa Braga, a qual, sendo-lhe apresentada, houve por bem Sua Majestade inquirir sobre a sua naturalidade, vindo a saber que é natural do Rio de Janeiro, e baptizada na freguezia de Santa Rita. Em seguida visitou as officinas dos propiagistas e costureiras, dos fulistas (onde pediu para ver moldar um chapéu), do salão dos arcos mecânicos, e das machinas de Soufleuse e de afinar. Sua Majestade fez varias perguntas aos operários com aquella extrema delicadeza e bondade inimitável que nelle é proverbial. Depois passou ao salão, luxuosamente preparado, onde o sr. Costa Braga lhe mostrou os diversos productos manufacturados, que Sua Majestade minuciosamente examinou. Nesta occasião o sr. Costa Braga sollicitou a graça de consentir que neste estabelecimento se manufacturassem dois chapéus, um de seda e outro de feltro, para o uso de Sua Majestade, obtendo d'este não só o consentimento, mas a declaração que já tinha em vista a encommenda dos mesmos como uma memoria do grande aperfeiçoamento que notava neste estabelecimento, recommendando-lhe que a remessa d'elles fosse para o hotel Bragança, em Lisboa, até ao dia11 . Egual encommenda fez o sr. barão de Itaúna.
Aqui Sua Majestade entreteve demorada conversação com o sr. Costa Braga, interrogando-o sobre differentes pontos. Perguntou-lhe o tempo da sua estada no Brasil, ao que respondeu ter sido de vinte e quatro annos, adquirindo crenças gratas e saudosas d'aquella terra, onde occupara a maior parte do tempo na industria de chapelaria. Perguntou mais qual a sua opinião sobre a industria de chapelaria naquelle império, ao que s. s.ª respondeu que a julgava tão desenvolvida e aperfeiçoada que podia disputar primazia com a industria franceza. Quiz também Sua Majestade saber se a exportação dos seus productos para o Brasil se fazia em alta escala, ao que o sr. Costa Braga declarou ser pouca, em vista dos elevados direitos que obstavam á protecção d'esta industria. Ultimamente o sr. Costa Braga significou a Sua Majestade a ufania e prazer de alli ter alcançado muitas glorias industriaes, pois que fora o primeiro introductor do vapor na chapelaria no anno de 1863, concedendo-lhe Sua Majestade o titulo de imperial fabrica de chapéus, data e acontecimento este que Sua Majestade confirmou ter ainda bem presente na memoria. Esta honrosa visita durou perto de uma hora, durante a qual tocou uma banda de musica marcial o hymno brasileiro: ao retirar-se Sua Majestade, se levantaram calorosos e enthusiasticos vivas, tanto por parte dos operários do estabelecimento como do immenso povo que presenceou esta honrosa visita. O sr. Costa Braga, querendo solemnisar mais a visita de Sua Majestade, não só gratificou os operários e os dispensou do resto dos trabalhos nesse dia como convidou o publico, pelos jornaes da cidade, a visitar e examinar tão importante estabelecimento, sendo amplamente satisfeitos os seus desejos com a grande concorrência dos visitantes»;
a fábrica possuía máquinas de vapor modernas com uma energia global de 107 cv;
na década de 1880, o êxito desta iniciativa, várias vezes premiada em exposições internacionais, permitiu-lhe separar o edifício da fábrica (que passou a situar-se a partir de então ria R. Firmeza, n.º 49) do estabelecimento de vendas que permaneceu no local inicial;
em 1927, aquele edifício foi adquirido para a instalação da Escola Artística de Soares dos Reis;
atualmente, esse imóvel é ocupado pelo The Artist Porto Hotel & Bistrô, situado no n.º 49 da R. da Firmeza.
Antiga Real e Imperial Chapelaria a Vapor que pertencia à Costa Braga & Filhos, empresa que em 1866 estabeleceu a sua fábrica no atual n.º 49 da R. da Firmeza
Em pleno século XIX, a Chapelaria a Vapor Costa Braga & Filhos foi outro exemplo dos investimentos industriais de emigrantes portugueses no Brasil regressados a Portugal após enriquecerem:
após uma estadia de 24 anos no Brasil, onde esteve ligado à indústria dos chapéus e teve uma fábrica de chapéus com o seu conterrâneo José Antonio Fernandes Lopes (Braga), Francisco Autonio da Costa (Braga desde 1864, ano em que lhe foi deferido o seu requerimento 'pedindo a declaração, em sua carta de comerciante matriculado, 'acrescentar ao seu nome o apelido – Braga' porque acrescentar o nome do local de nascimento era uma forma de identificação tanto no ramo comercial como nos relacionamentos sociais por parte dos patrícios por meio de uma rede de solidariedade percebida nos registros das atividades comerciais e industriais, sobretudo a partir de 1850) se desligou da sua fábrica em 1865 e voltou para Portugal fundando no Porto em 1866 uma fábrica de chapéus de seda e de feltro que tinha anexa uma loja comercial situada na R. de Santo António, n.º 194;
apostando num sector que registava ainda um grande sucesso na exportação para o Brasil, mais uma vez, o seu fundador
investiu nesta fábrica não apenas o capital financeiro indispensável, como também aplicou aqui os conhecimentos adquiridos no seu percurso migratório no Brasil;
O Imperador do Brasil, D. Pedro II, Visita à chapelaria do Sr. Costa Braga nos sprimeiros dias de março de 1872 -
«Pelas três horas da tarde o Imperador, acompanhado do ex."" barão de Itaúna e dr. Forbes, visitou esta chapelaria a vapor, estabelecida na rua de Santo António.
O sr. Costa Braga e seus filhos receberam o imperial visitante com as maiores demonstrações de gratidão e respeito, e muito mais penhorados ficaram pela nimia delicadeza de Sua Majestade em querer conhecer pessoalmente a esposa do sr. Costa Braga, a qual, sendo-lhe apresentada, houve por bem Sua Majestade inquirir sobre a sua naturalidade, vindo a saber que é natural do Rio de Janeiro, e baptizada na freguezia de Santa Rita. Em seguida visitou as officinas dos propiagistas e costureiras, dos fulistas (onde pediu para ver moldar um chapéu), do salão dos arcos mecânicos, e das machinas de Soufleuse e de afinar. Sua Majestade fez varias perguntas aos operários com aquella extrema delicadeza e bondade inimitável que nelle é proverbial. Depois passou ao salão, luxuosamente preparado, onde o sr. Costa Braga lhe mostrou os diversos productos manufacturados, que Sua Majestade minuciosamente examinou. Nesta occasião o sr. Costa Braga sollicitou a graça de consentir que neste estabelecimento se manufacturassem dois chapéus, um de seda e outro de feltro, para o uso de Sua Majestade, obtendo d'este não só o consentimento, mas a declaração que já tinha em vista a encommenda dos mesmos como uma memoria do grande aperfeiçoamento que notava neste estabelecimento, recommendando-lhe que a remessa d'elles fosse para o hotel Bragança, em Lisboa, até ao dia11 . Egual encommenda fez o sr. barão de Itaúna.
Aqui Sua Majestade entreteve demorada conversação com o sr. Costa Braga, interrogando-o sobre differentes pontos. Perguntou-lhe o tempo da sua estada no Brasil, ao que respondeu ter sido de vinte e quatro annos, adquirindo crenças gratas e saudosas d'aquella terra, onde occupara a maior parte do tempo na industria de chapelaria. Perguntou mais qual a sua opinião sobre a industria de chapelaria naquelle império, ao que s. s.ª respondeu que a julgava tão desenvolvida e aperfeiçoada que podia disputar primazia com a industria franceza. Quiz também Sua Majestade saber se a exportação dos seus productos para o Brasil se fazia em alta escala, ao que o sr. Costa Braga declarou ser pouca, em vista dos elevados direitos que obstavam á protecção d'esta industria. Ultimamente o sr. Costa Braga significou a Sua Majestade a ufania e prazer de alli ter alcançado muitas glorias industriaes, pois que fora o primeiro introductor do vapor na chapelaria no anno de 1863, concedendo-lhe Sua Majestade o titulo de imperial fabrica de chapéus, data e acontecimento este que Sua Majestade confirmou ter ainda bem presente na memoria. Esta honrosa visita durou perto de uma hora, durante a qual tocou uma banda de musica marcial o hymno brasileiro: ao retirar-se Sua Majestade, se levantaram calorosos e enthusiasticos vivas, tanto por parte dos operários do estabelecimento como do immenso povo que presenceou esta honrosa visita. O sr. Costa Braga, querendo solemnisar mais a visita de Sua Majestade, não só gratificou os operários e os dispensou do resto dos trabalhos nesse dia como convidou o publico, pelos jornaes da cidade, a visitar e examinar tão importante estabelecimento, sendo amplamente satisfeitos os seus desejos com a grande concorrência dos visitantes»;
a fábrica possuía máquinas de vapor modernas com uma energia global de 107 cv;
na década de 1880, o êxito desta iniciativa, várias vezes premiada em exposições internacionais, permitiu-lhe separar o edifício da fábrica (que passou a situar-se a partir de então ria R. Firmeza, n.º 49) do estabelecimento de vendas que permaneceu no local inicial;
em 1927, aquele edifício foi adquirido para a instalação da Escola Artística de Soares dos Reis;
atualmente, esse imóvel é ocupado pelo The Artist Porto Hotel & Bistrô, situado no n.º 49 da R. da Firmeza.