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Mosteiro de São Miguel de Refojos de Basto

CABECEIRAS DE BASTO (Portugal): Mosteiro de São Miguel de Refojos de Basto.

 

Muito embora tenha existido, neste local, um centro monástico de origem anterior, o antigo Mosteiro de São Miguel, à sombra do qual se desenvolveu a população de Refojos, foi, enquanto casa beneditina, contemporâneo da formação da nacionalidade. Na verdade, não se sabe qual a data da sua fundação, mas o primeiro documento conhecido, que refere a ordem de São Bento (uma carta de couto passada por D. Afonso Henriques), é de 1131, o que testemunha a sua existência nesse ano.

O período seguinte foi de crescimento, com o mosteiro a tornar-se "um verdadeiro latifundiário de terras e propriedades" (DIAS, 2002, p.63), seguindo-se, com a administração ruinosa dos abades comendatários, uma época de decadência, apenas superada, a partir de 1570, com a integração de Refojos na Congregação Beneditina Portuguesa. Foi com o regime dos abades trienais, cuja eleição era efectuada em Capítulo Geral, que o Mosteiro iniciou a sua recuperação económica, e também arquitectónica.

Deste período de obras, iniciado na primeira metade do século XVII, apenas resta o claustro, embora sem o chafariz. A igreja estava ainda a ser edificada em 1644, e a portaria ostenta o ano de 1690, muito possivelmente datando o seu término, o que coincide com o lançamento de uma outra campanha, barroca, que se iria prolongar pela centúria seguinte, remontando à segunda metade de Setecentos a sua época de maior fulgor.

A primeira pedra do novo mosteiro foi lançada no triénio de 1689-1702, mas a falta de documentação não permite saber quem foi o autor do seu risco, considerado magnífico por fontes da época (IDEM, p. 70). Este, desenvolve-se em torno do claustro, com um corpo em L e outro rectangular. O ano de 1703, inscrito no lintel da porta do Capítulo, deverá indicar a data da sua conclusão. Nos anos subsequentes, os trabalhos incidiram sobre o refeitório e a sacristia, cujo mobiliário ainda se conserva. Já o cruzeiro, fronteiro ao mosteiro, remonta a 1737.

A principal campanha de obras, que configurou a igreja tal como hoje a conhecemos - considerada a mais monumental da Ordem e a única com zimbório -, teve início em 1755, ano em que se lançou a primeira pedra do novo templo, e que, apesar das dificuldades de implementação, foi sagrado 16 anos mais tarde, em 1766. Não se conhece o autor do projecto, que tem vindo a ser imputado a André Soares (IDEM, p. 75), embora esta não se inscreva no conjunto de obras atribuídas a este arquitecto por Robert Smith.

A documentação e as datas inscritas no próprio edifício permitem acompanhar a evolução dos trabalhos, remontando o portal a 1763, e o zimbório e torres a 1761-64. A fachada, ladeada por duas torres que se elevam bem acima do frontão que remata o pano central, é aberta por um portal de planta côncava, formada pelas pilastras que o flanqueiam. No registo seguinte, um nicho exibe a imagem de São Miguel, enquanto no alçado das torres, os nichos acolhem São Bento e Santa Escolástica. O zimbório, apresenta uma varanda com 12 estátuas de Bispos e Pontífices, sendo rematado pela imagem de São Miguel Arcanjo, sobre a cúpula do lanternim, e no exterior há a destacar, ainda, a capela do Santíssimo, de planta octogonal, e de volume saliente em relação à massa do templo, bem como a varanda alpendrada da capela-mor.

De planta em cruz latina, com nave única coberta por abóbada de caixotões de granito, a talha é o elemento dominante deste interior, quer nos retábulos dos muitos altares, quer nas sanefas e outros elementos arquitectónicos que envolve. O seu desenho deve-se a frei José de Santo António Ferreira Vilaça, que durante o triénio de 1764-67 integrou o mosteiro, concebendo todo o conjunto, do qual destacamos o retábulo-mor, rococó, e o cadeiral do coro, cujos riscos recordam os de Tibães, onde o monge trabalhara antes.

Actualmente, e depois de muitas vicissitudes decorrentes da Extinção das Ordens Religiosas, em 1834, o mosteiro acolhe os serviços da Câmara Municipal e, na outra ala, o colégio.

(RCarvalho)

 

info: www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-im...

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Uploaded on May 23, 2020
Taken on December 30, 2014