Novo relatório alerta que fundamentos ecológicos que apoiam a segurança alimentar estão em risco - IMG_3735
A transição para uma economia verde pode auxiliar no rastreamento ágil da segurança alimentar e promover cenários mais diversos e produtivos.
Rio de Janeiro, 20 de junho de 2012 – O mundo precisa dar atenção urgente à manutenção e ao incentivo dos fundamentos ecológicos subjacentes que oferecem apoio à produção de alimentos, que enfrenta ameaças cada vez maiores pela ação humana, para ajudar a garantir a segurança alimentar de uma população em expansão, revela um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
O relatório, Evitando a fome no futuro: Fortalecendo a base ecológica da segurança alimentar por meio de sistemas alimentares sustentáveis, aponta que a segurança alimentar deve envolver os serviços ambientais fornecidos pela natureza para que os sete bilhões de habitantes do planeta tenham o que comer; uma população que, segundo estimativas, deve chegar a nove bilhões em 2050.
Ineficiências ao longo da cadeia de suprimento alimentar complicam ainda mais o desafio, e o relatório salienta que estima-se que um terço da comida produzida para o consumo humano é perdido ou desperdiçado, somando 1,3 bilhões de toneladas anuais.
O debate sobre a segurança alimentar, até agora, está largamente focado na disponibilidade, no acesso, na utilização e na estabilidade como os quatro pilares da segurança alimentar, mal tocando na base de recursos e nos serviços do ecossistema que apoiam todo o sistema alimentar.
O relatório pretende aumentar a consciência sobre esses cruciais aspectos ambientais, os quais têm sido prejudicados pela pesca predatória, o uso insustentável da água e outras atividades humanas. Também molda o debate no contexto da economia verde, promovendo práticas de produção e de consumo de alimentos que assegurem a produtividade sem prejudicar os serviços do ecossistema.
"O meio ambiente tem sido mais como uma reflexão tardia no debate sobre segurança alimentar," disse o cientista chefe do PNUMA, Joseph Alcamo. "Esta é a primeira vez que a comunidade científica nos dá um quadro completo de como a base ecológica do nosso sistema alimentar não apenas é instável, mas também está sendo realmente prejudicada."
Enquanto aponta os desafios atuais, o relatório também oferece um caminho delineado para o estabelecimento dos fundamentos ecológicos e para o aprimoramento da segurança alimentar. Faz recomendações para reprojetar sistemas agrícolas sustentáveis, mudanças de dieta e sistemas de armazenamento bem como novos padrões alimentares para reduzir o desperdício.
“A era da produção aparentemente interminável baseada na maximização de insumos como fertilizantes e pesticidas, minando reservas de água doce e terra arável fértil, assim como os avanços ligados à mecanização, está chegando ao limite, se é que já não o atingiu", disse Achim Steiner, subsecretário-geral da ONU e diretor executivo do PNUMA. “O mundo precisa de uma revolução verde, mas com V maiúsculo: uma revolução que compreenda melhor como se dá, de fato, o cultivo e a produção e alimentos em termos dos recursos naturais oferecidos por florestas, água doce e biodiversidade."
O relatório, produzido em colaboração com outras organizações internacionais —incluindo o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), a Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO), o Banco Mundial, o Programa Mundial de Alimentação (PMA) e o Instituto de Recursos Mundiais (WRI) — faz uma abordagem holística da análise do sistema alimentar. Onze cientistas e especialistas escreveram o relatório, cobrindo muitas áreas distintas do conhecimento, incluindo padrões de consumo alimentar, produção agrícola, pesca marinha e de água doce.
Descobriram que, enquanto a agricultura fornece 90% do consumo calórico total do mundo, e que a pesca mundial é responsável pelos outros 10%, esses setores de apoio à vida enfrentam muitas ameaças, todas exacerbadas por forças subjacentes como crescimento populacional, aumento de renda e mudanças de estilo de vida e de alimentação relacionadas à urbanização.
O relatório identificou as seguintes ameaças específicas contra esses sistemas:
Agricultura
Concorrência pela água. Alguns especialistas acreditam que as demandas alimentares do futuro precisam ser atendidas com mais terra irrigada, mas já há forte concorrência pelo crescente consumo de água doméstico e industrial
Práticas agrícolas convencionais exercem uma variedade de impactos sobre o ecossistema, como, por exemplo, reduzir a biodiversidade em fazendas e promover o aumento de pragas e doenças, perda de solo, eutrofização e contaminação de lençóis freáticos
Práticas agrícolas tradicionais, se praticadas de maneira inadequada, podem provocar severo desgaste do solo
Desflorestamento e contaminação por pesticidas de terras adjacentes a fazendas degradam a "biodiversidade fora das fazendas", impactando polinizadores e o controle natural de pragas nas plantações
As mudanças climáticas e seus impactos complicarão as ameaças anteriores à agricultura deslocando zonas de cultivo e trazendo uma eventual redução da produtividade das plantações.
Pesca marinha
A pesca predatória é a principal força que atua contra a base ecológica da pesca. A FAO estimou que, em 2008, 53% dos recursos marinhos estavam totalmente utilizados, 28% excessivamente utilizados, 3% esgotados e 1% se recuperando do esgotamento
Perda de habitat costeiro como recifes de corais e florestas de mangue. Ao menos 35% dos manguezais e 40% dos recifes de corais foram destruídos ou degradados ao longo das últimas décadas
A pesca de arrasto, a dragagem e práticas pesqueiras destrutivas como o uso de dinamite e cianeto, que provocam a perda ou a modificação do habitat
Degradação da qualidade da água costeira. O esgotamento de nutrientes causa a eutrofização costeira, zonas com redução crítica de oxigênio dissolvido e vida aquática extinta. Mais de quatrocentas zonas mortas foram identificadas em áreas costeiras
As mudanças climáticas provocarão o aquecimento da água e a acidificação dos oceanos, com muitos impactos sobre a pesca marinha. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) projeta uma perda global de 18% do recifes de corais em todo o mundo nas próximas três décadas, reduzindo drasticamente o habitat dos peixes.
Pesca de água doce
O desenvolvimento de infraestrutura como, por exemplo, a construção de represas em bacias hidrográficas, está destruindo ou modificando habitats de peixes de água doce. Mais de 50% dos maiores rios do mundo foram fragmentados por represas em seus cursos principais, e 59% em seus afluentes
A mudança do uso de terras e a remoção da camada de vegetação levam a mais escoamento, erosão e poluição sedimentar da água. Atividades humanas têm aumentado o fluxo de sedimentos nos rios em cerca de 20% ao redor do mundo
A expansão agrícola interrompe a conectividade entre planícies aluviais e rios – as planícies aluviais são responsáveis por alguns dos mais produtivos habitats para a pesca de água doce.
Escoamento agrícola e descargas de esgoto doméstico e industrial estão degradando a qualidade de grande parte da água doce. O despejo de resíduos em reservas de água doce africanas pode aumentar de quatro a oito vezes entre os anos 1990 e 2050.
Apesar dos problemas serem muitos e variados, o relatório faz uma série de recomendações que pode preparar os fundamentos ecológicos e criar as condições para uma produção alimentar sustentável.
"As soluções devem ser encontradas em toda a cadeia de produção alimentar - das fazendas que precisam cultivar mais comida de forma mais sustentável, às grandes empresas que precisam garantir que seus produtos sejam produzidos por pesca ou agricultura sustentável, até o consumidor que deve pensar seriamente na adoção de uma dieta sustentável," disse Alcamo.
“Sem dúvida, precisamos lidar primeiro com os problemas socioeconômicos relacionados à segurança alimentar — questões de acesso e viabilidade econômica alimentar, e assim por diante," acrescentou. "Mas, contassem última análise, não teremos comida suficiente para distribuir a não ser que descubramos uma forma de produzirmos alimentos de forma sustentável sem destruir seus fundamentos ecológicos."
Recomendações
Dentre as principais recomendações em prol de uma agricultura e uma pesca mais sustentáveis, constam as seguintes:
Construir instalações centralizadas de armazenamento e refrigeração para pequenos agricultores de maneira a ajudá-los a produzir para o mercado com maior rapidez e a evitar a perda de alimentos
Promover dietas sustentáveis para evitar a tendência de a dieta se tornar menos saudável à medida que os consumidores enriquecem, em particular promovendo um menor consumo de carne e laticínios em países desenvolvidos.
Reconsiderar padrões de qualidade para alimentos que levem a desperdício desnecessário
Desenvolver uma agricultura sustentável, não apenas em fazendas individuais, mas estendendo para todo o país. Há exemplos de melhor gestão do solo, de uso de água mais eficiente na agricultura e de gestão integrada de nutrientes
A agricultura sustentável pode ser ampliada através do apoio aos fazendeiros, estendendo os direitos de posse de terras a fazendeiros para incentivar a preservação e premiando fazendeiros e comunidades agrícolas pela manutenção do ecossistema.
Estratégias econômicas coerentes com o pensamento econômico verde também são fundamentais para a ampliação da agricultura sustentável, tais como:
Eliminação de subsídios que contribuem para a pesca predatória (o setor de pesca global recebe de US$ 25 bilhões a US$ 30 bilhões) e para a destruição de habitats, e redirecionando fundos para investimento em gestão de pesca sustentável e para o reforço da capacidade.
Incentivos para a pesca sustentável como subsídios para a troca de equipamento de pesca em alternativas menos danosas
Introdução de medidas fiscais como taxas e impostos sobre o volume de colheita e multas mais altas para pesca ilegal, não reportada ou não regulamentada
Atrair pequenos acionistas para a economia alimentar global e torná-los parte do sistema de certificação de práticas sustentáveis na agricultura e na pesca
Onde for tecnicamente viável, a rentabilidade máxima da pesca marinha deve ser calculada e respeitada com acordos de aplicação e incentivos econômicos. Em países mais pobres e para pequenos pesqueiros marinhos, uma abordagem de "cogestão" pode funcionar, com pescadores concordando quanto ao tamanho dos peixes e aos limites por espécie e a interrupção sazonal de atividades de pesca
Estabelecer redes de áreas aquáticas protegidas
Preservar áreas de pesca marinha reduzindo as fontes de poluição terrestres que geram "zonas mortas" em áreas costeiras
Resumindo, os cientistas apontaram que não se pode aliviar a fome ou evitar períodos de escassez simplesmente fortalecendo a base ecológica do sistema alimentar mundial, mas negligenciar esse aspecto prejudicará os esforços nos outros quatro pilares da segurança alimentar.
Informações adicionais
O relatório completo está disponível para download aqui: www.unep.org/publications/ebooks/avoidingfamines/
Novo relatório alerta que fundamentos ecológicos que apoiam a segurança alimentar estão em risco - IMG_3735
A transição para uma economia verde pode auxiliar no rastreamento ágil da segurança alimentar e promover cenários mais diversos e produtivos.
Rio de Janeiro, 20 de junho de 2012 – O mundo precisa dar atenção urgente à manutenção e ao incentivo dos fundamentos ecológicos subjacentes que oferecem apoio à produção de alimentos, que enfrenta ameaças cada vez maiores pela ação humana, para ajudar a garantir a segurança alimentar de uma população em expansão, revela um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
O relatório, Evitando a fome no futuro: Fortalecendo a base ecológica da segurança alimentar por meio de sistemas alimentares sustentáveis, aponta que a segurança alimentar deve envolver os serviços ambientais fornecidos pela natureza para que os sete bilhões de habitantes do planeta tenham o que comer; uma população que, segundo estimativas, deve chegar a nove bilhões em 2050.
Ineficiências ao longo da cadeia de suprimento alimentar complicam ainda mais o desafio, e o relatório salienta que estima-se que um terço da comida produzida para o consumo humano é perdido ou desperdiçado, somando 1,3 bilhões de toneladas anuais.
O debate sobre a segurança alimentar, até agora, está largamente focado na disponibilidade, no acesso, na utilização e na estabilidade como os quatro pilares da segurança alimentar, mal tocando na base de recursos e nos serviços do ecossistema que apoiam todo o sistema alimentar.
O relatório pretende aumentar a consciência sobre esses cruciais aspectos ambientais, os quais têm sido prejudicados pela pesca predatória, o uso insustentável da água e outras atividades humanas. Também molda o debate no contexto da economia verde, promovendo práticas de produção e de consumo de alimentos que assegurem a produtividade sem prejudicar os serviços do ecossistema.
"O meio ambiente tem sido mais como uma reflexão tardia no debate sobre segurança alimentar," disse o cientista chefe do PNUMA, Joseph Alcamo. "Esta é a primeira vez que a comunidade científica nos dá um quadro completo de como a base ecológica do nosso sistema alimentar não apenas é instável, mas também está sendo realmente prejudicada."
Enquanto aponta os desafios atuais, o relatório também oferece um caminho delineado para o estabelecimento dos fundamentos ecológicos e para o aprimoramento da segurança alimentar. Faz recomendações para reprojetar sistemas agrícolas sustentáveis, mudanças de dieta e sistemas de armazenamento bem como novos padrões alimentares para reduzir o desperdício.
“A era da produção aparentemente interminável baseada na maximização de insumos como fertilizantes e pesticidas, minando reservas de água doce e terra arável fértil, assim como os avanços ligados à mecanização, está chegando ao limite, se é que já não o atingiu", disse Achim Steiner, subsecretário-geral da ONU e diretor executivo do PNUMA. “O mundo precisa de uma revolução verde, mas com V maiúsculo: uma revolução que compreenda melhor como se dá, de fato, o cultivo e a produção e alimentos em termos dos recursos naturais oferecidos por florestas, água doce e biodiversidade."
O relatório, produzido em colaboração com outras organizações internacionais —incluindo o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), a Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO), o Banco Mundial, o Programa Mundial de Alimentação (PMA) e o Instituto de Recursos Mundiais (WRI) — faz uma abordagem holística da análise do sistema alimentar. Onze cientistas e especialistas escreveram o relatório, cobrindo muitas áreas distintas do conhecimento, incluindo padrões de consumo alimentar, produção agrícola, pesca marinha e de água doce.
Descobriram que, enquanto a agricultura fornece 90% do consumo calórico total do mundo, e que a pesca mundial é responsável pelos outros 10%, esses setores de apoio à vida enfrentam muitas ameaças, todas exacerbadas por forças subjacentes como crescimento populacional, aumento de renda e mudanças de estilo de vida e de alimentação relacionadas à urbanização.
O relatório identificou as seguintes ameaças específicas contra esses sistemas:
Agricultura
Concorrência pela água. Alguns especialistas acreditam que as demandas alimentares do futuro precisam ser atendidas com mais terra irrigada, mas já há forte concorrência pelo crescente consumo de água doméstico e industrial
Práticas agrícolas convencionais exercem uma variedade de impactos sobre o ecossistema, como, por exemplo, reduzir a biodiversidade em fazendas e promover o aumento de pragas e doenças, perda de solo, eutrofização e contaminação de lençóis freáticos
Práticas agrícolas tradicionais, se praticadas de maneira inadequada, podem provocar severo desgaste do solo
Desflorestamento e contaminação por pesticidas de terras adjacentes a fazendas degradam a "biodiversidade fora das fazendas", impactando polinizadores e o controle natural de pragas nas plantações
As mudanças climáticas e seus impactos complicarão as ameaças anteriores à agricultura deslocando zonas de cultivo e trazendo uma eventual redução da produtividade das plantações.
Pesca marinha
A pesca predatória é a principal força que atua contra a base ecológica da pesca. A FAO estimou que, em 2008, 53% dos recursos marinhos estavam totalmente utilizados, 28% excessivamente utilizados, 3% esgotados e 1% se recuperando do esgotamento
Perda de habitat costeiro como recifes de corais e florestas de mangue. Ao menos 35% dos manguezais e 40% dos recifes de corais foram destruídos ou degradados ao longo das últimas décadas
A pesca de arrasto, a dragagem e práticas pesqueiras destrutivas como o uso de dinamite e cianeto, que provocam a perda ou a modificação do habitat
Degradação da qualidade da água costeira. O esgotamento de nutrientes causa a eutrofização costeira, zonas com redução crítica de oxigênio dissolvido e vida aquática extinta. Mais de quatrocentas zonas mortas foram identificadas em áreas costeiras
As mudanças climáticas provocarão o aquecimento da água e a acidificação dos oceanos, com muitos impactos sobre a pesca marinha. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) projeta uma perda global de 18% do recifes de corais em todo o mundo nas próximas três décadas, reduzindo drasticamente o habitat dos peixes.
Pesca de água doce
O desenvolvimento de infraestrutura como, por exemplo, a construção de represas em bacias hidrográficas, está destruindo ou modificando habitats de peixes de água doce. Mais de 50% dos maiores rios do mundo foram fragmentados por represas em seus cursos principais, e 59% em seus afluentes
A mudança do uso de terras e a remoção da camada de vegetação levam a mais escoamento, erosão e poluição sedimentar da água. Atividades humanas têm aumentado o fluxo de sedimentos nos rios em cerca de 20% ao redor do mundo
A expansão agrícola interrompe a conectividade entre planícies aluviais e rios – as planícies aluviais são responsáveis por alguns dos mais produtivos habitats para a pesca de água doce.
Escoamento agrícola e descargas de esgoto doméstico e industrial estão degradando a qualidade de grande parte da água doce. O despejo de resíduos em reservas de água doce africanas pode aumentar de quatro a oito vezes entre os anos 1990 e 2050.
Apesar dos problemas serem muitos e variados, o relatório faz uma série de recomendações que pode preparar os fundamentos ecológicos e criar as condições para uma produção alimentar sustentável.
"As soluções devem ser encontradas em toda a cadeia de produção alimentar - das fazendas que precisam cultivar mais comida de forma mais sustentável, às grandes empresas que precisam garantir que seus produtos sejam produzidos por pesca ou agricultura sustentável, até o consumidor que deve pensar seriamente na adoção de uma dieta sustentável," disse Alcamo.
“Sem dúvida, precisamos lidar primeiro com os problemas socioeconômicos relacionados à segurança alimentar — questões de acesso e viabilidade econômica alimentar, e assim por diante," acrescentou. "Mas, contassem última análise, não teremos comida suficiente para distribuir a não ser que descubramos uma forma de produzirmos alimentos de forma sustentável sem destruir seus fundamentos ecológicos."
Recomendações
Dentre as principais recomendações em prol de uma agricultura e uma pesca mais sustentáveis, constam as seguintes:
Construir instalações centralizadas de armazenamento e refrigeração para pequenos agricultores de maneira a ajudá-los a produzir para o mercado com maior rapidez e a evitar a perda de alimentos
Promover dietas sustentáveis para evitar a tendência de a dieta se tornar menos saudável à medida que os consumidores enriquecem, em particular promovendo um menor consumo de carne e laticínios em países desenvolvidos.
Reconsiderar padrões de qualidade para alimentos que levem a desperdício desnecessário
Desenvolver uma agricultura sustentável, não apenas em fazendas individuais, mas estendendo para todo o país. Há exemplos de melhor gestão do solo, de uso de água mais eficiente na agricultura e de gestão integrada de nutrientes
A agricultura sustentável pode ser ampliada através do apoio aos fazendeiros, estendendo os direitos de posse de terras a fazendeiros para incentivar a preservação e premiando fazendeiros e comunidades agrícolas pela manutenção do ecossistema.
Estratégias econômicas coerentes com o pensamento econômico verde também são fundamentais para a ampliação da agricultura sustentável, tais como:
Eliminação de subsídios que contribuem para a pesca predatória (o setor de pesca global recebe de US$ 25 bilhões a US$ 30 bilhões) e para a destruição de habitats, e redirecionando fundos para investimento em gestão de pesca sustentável e para o reforço da capacidade.
Incentivos para a pesca sustentável como subsídios para a troca de equipamento de pesca em alternativas menos danosas
Introdução de medidas fiscais como taxas e impostos sobre o volume de colheita e multas mais altas para pesca ilegal, não reportada ou não regulamentada
Atrair pequenos acionistas para a economia alimentar global e torná-los parte do sistema de certificação de práticas sustentáveis na agricultura e na pesca
Onde for tecnicamente viável, a rentabilidade máxima da pesca marinha deve ser calculada e respeitada com acordos de aplicação e incentivos econômicos. Em países mais pobres e para pequenos pesqueiros marinhos, uma abordagem de "cogestão" pode funcionar, com pescadores concordando quanto ao tamanho dos peixes e aos limites por espécie e a interrupção sazonal de atividades de pesca
Estabelecer redes de áreas aquáticas protegidas
Preservar áreas de pesca marinha reduzindo as fontes de poluição terrestres que geram "zonas mortas" em áreas costeiras
Resumindo, os cientistas apontaram que não se pode aliviar a fome ou evitar períodos de escassez simplesmente fortalecendo a base ecológica do sistema alimentar mundial, mas negligenciar esse aspecto prejudicará os esforços nos outros quatro pilares da segurança alimentar.
Informações adicionais
O relatório completo está disponível para download aqui: www.unep.org/publications/ebooks/avoidingfamines/