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Atita (Eduardo Raposo Rodrigues)

Antes dos cinco anos já nadava na Ria de Aveiro

 

(Before I was five years old I was already swimming in the Ria de Aveiro)

 

O adeus a Atita, o “tubarão dos mares” que salvou mais de 30 pessoas

 

 

A Igreja Paroquial da Vera Cruz, no coração de Aveiro, encheu-se de gente, esta segunda-feira, para o último adeus a Eduardo de Sousa, conhecido por “Atita”, uma das figuras mais carismáticas da cidade, que morreu no domingo, aos 85 anos, completados a 1 de Dezembro.

 

“Atita” morreu quatro dias depois de ser agraciado pelo Presidente da República pelos seus méritos cívicos, nomeadamente como professor de natação de sucessivas gerações de aveirenses, assim como por actos heróicos. São-lhe atribuídos diversos salvamentos de banhistas em apuros nas praias da região.

 

“O que eu gosto de ver são aqueles que salvei terem as suas famílias, isso é que me conforta o coração. Uma pessoa que salva uma vida salva o mundo, imagina quantos mundos é que eu já salvei”, disse.

 

 

Estimou que salvou “para cima” de três dezenas de pessoas ao longo da vida, o que lhe valeu também, há alguns anos, a medalha de prata do Instituto de Socorros a Náufragos.

 

 

Eduardo Raposo Rodrigues, nascido no bairro da Beira Mar, um dos mais típicos de Aveiro, herdou a alcunha do pai. Antes dos cinco anos já nadava na Ria. Por isso, poderá ter vivido mais tempo dentro de água do que com os pés em terra.

 

É como campeão de natação, coleccionando medalhas durante a juventude pelo clube do seu coração (o Beira-Mar, claro), que ganha fama entre os locais. Depois passou a ensinar a nadar. “Um interminável contingente de pupilos, que perderam o medo nas águas de profundeza mítica do Poço de Santiago”, no canal de São Roque, lembrou Nuno Marques Pereira, um dos “milhares” que passou por lá na sua meninice.

 

Mais tarde, nas piscinas de clubes da cidade e não só. No Verão, assentava arraiais nas praias da Barra ou na Ria, onde era frequente os passeios e convívios matinais acabarem na água aproveitando para dar umas lições de como bem esbracejar que dava informalmente a pequenos e graúdos.

 

Seria dos primeiros a ministrar aulas a crianças deficientes, manutenção a pessoas de idades mais avançadas e até ajudava na formação de bombeiros locais candidatos a mergulhadores, que não dispensavam os seus conselhos.

 

Personalidade extrovertida e alegria contagiante

 

Com uma personalidade extrovertida e alegria sempre contagiante, teve uma vida marcada pelo altruísmo, dinamizando diversas actividades, sobretudo recreativas e desportivas, como o famoso primeiro mergulho do ano praia da Barra (“Banho dos Magníficos”), que arrasta uma multidão a cada 1 de Janeiro, ou a “Corrida da Amizade”, apoiada pela Banda Amizade.

 

Mesmo com a idade a pesar e alguns problemas de coração que obrigaram a abrandar, ainda surgiu como o timoneiro da causa “Amigos do Parque”, em defesa do espaço verde mais antigo da cidade de Aveiro.

 

Muito querido pelas gentes de Aveiro, era tratado carinhosamente como “Tubarão dos mares”, pela forma destemida como acudia a pessoas em perigo no mar ou na Ria arriscando a sua própria vida. Ficou conhecido ainda pelo cognome de “Passarão”, personagem que encarnava para enfrentar o frio do mar a cada festejo do primeiro banho do ano.

 

Uma das suas últimas grandes emoções foi receber a Grã-Cruz da Ordem de Mérito Civil das mãos de Marcelo Rebelo de Sousa, a quem ainda desafiou para o próximo mergulho dos “Magníficos”. Quem o acompanhou durante décadas prepara-lhe a próxima homenagem, tradição que tanto gostava de animar.

 

“Aprender a nadar com o Atita tinha em Aveiro quase um valor de baptismo de aveirense”, diz Luís Souto, actualmente presidente da Assembleia Municipal, a recordar quando levou os filhos ao encontro do mestre. Espera agora que haja gente para “continuar a dizer desenvergonhados bons dias pelas ruas e cafés, e a enfrentar o mar, ainda que num frio primeiro de Janeiro”.

 

Atita foi operário na indústria cerâmica durante a juventude. Em 1968 deixou a Fábrica Campos, tendo emigrado para os Estados Unidos da América, onde trabalhou como padeiro e operário. Regressaria em definitivo a Portugal em 1981, dedicando-se às lições de natação.

 

A sua figura ficou imortalizada junto ao canal da Fonte Nova numa pintura em graffiti da autoria de Fábio Carneiro.

 

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The Vera Cruz Parish Church, in the heart of Aveiro, was packed with people this Monday for the final farewell to Eduardo de Sousa, known as “Atita”, one of the city's most charismatic figures, who died on Sunday at the age of 85, on December 1st.

 

“Atita” died four days after being awarded by the President of the Republic for his civic merits, namely as a swimming teacher for successive generations of Aveiro residents, as well as for heroic deeds. He has been credited with rescuing several bathers in trouble on the region's beaches.

 

“What I like to see is that those I've saved have their families, that's what comforts my heart. A person who saves one life saves the world, imagine how many worlds I've saved,” he said.

 

 

He estimated that he had saved “upwards” of three dozen people over the course of his life, which also earned him the silver medal of the Instituto de Socorros a Náufragos (Shipwreck Relief Institute) a few years ago.

 

 

Eduardo Raposo Rodrigues, born in the Beira Mar neighborhood, one of the most typical in Aveiro, inherited his nickname from his father. Before he was five, he was already swimming in the Ria. As a result, he may have spent more time in the water than on land.

 

It was as a champion swimmer, collecting medals during his youth for the club of his heart (Beira-Mar, of course), that he gained fame among the locals. He then went on to teach swimming. “An endless contingent of pupils, who have lost their fear in the mythical deep waters of the Poço de Santiago”, in the São Roq channel.

 

2 584 / 5 000

recalled Nuno Marques Pereira, one of the “thousands” who passed through there in his childhood.

 

Later, in the swimming pools of city clubs and beyond. In the summer, he would set up camp on the beaches of Barra or Ria, where morning walks and gatherings would often end in the water, and he would take the opportunity to give informal lessons on how to swing properly to children and adults.

 

He would be one of the first to teach classes for disabled children, maintenance for older people and even helped train local firefighters who were candidates to become divers, who did not ignore his advice.

 

Outgoing personality and contagious joy

 

With an extroverted personality and contagious joy, he had a life marked by altruism, promoting various activities, mainly recreational and sporting, such as the famous first dive of the year at Barra beach (“Banho dos Magníficos”), which attracts a crowd every January 1st, or the “Corrida da Amizade”, supported by Banda Amizade.

 

Even with his age taking its toll and some heart problems that forced him to slow down, he still emerged as the helmsman of the “Friends of the Park” cause, in defense of the oldest green space in the city of Aveiro.

 

Much loved by the people of Aveiro, he was affectionately known as the “Shark of the Seas”, due to the fearless way in which he helped people in danger at sea or in the Ria, risking his own life. He also became known by the nickname “Passarão”, a character he played to face the cold sea at each celebration of the first swim of the year.

 

One of his last great emotions was receiving the Grand Cross of the Order of Civil Merit from the hands of Marcelo Rebelo de Sousa, whom he also challenged to the next dive of the “Magníficos”. Those who followed him for decades are preparing the next tribute for him, a tradition that he so enjoyed encouraging.

 

“Learning to swim with Atita in Aveiro was almost like being baptized as an Aveiro citizen”, says Luís Souto, currently president of the Municipal Assembly, remembering when he took his children to meet the master. He now hopes that there will be people to “continue to shamelessly say good mornings in the streets and cafes, and to face the sea, even on a cold January 1st”.

 

Atita worked in the ceramics industry during his youth. In 1968 he left Fábrica Campos and emigrated to the United States of America, where he worked as a baker and laborer. He returned to Portugal for good in 1981, dedicating himself to swimming lessons.

 

His figure was immortalized near the Fonte Nova canal in a graffiti painting by Fábio Carneiro.

 

Fonte:-Rádio Renascença

 

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Uploaded on November 27, 2015
Taken on October 10, 2015