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heranças!

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"Lançarei meus poemas como sementes

sobre os campos adubados com o sangue dos inocentes.

 

Vinde, homens de todas as terras - colhei os frutos que nascerão

dos meus poemas,

colhei as flores que se abrirão com eles,

dessedentai vossa sede de esperanças

acalentai vossas ânsias de liberdade

embelezai o futuro, colocai jarras de flores nos móveis vazios e tristes.

 

Lançarei meus poemas como sementes, e eles serão árvores cujas ramas

darão sombra às latitudes,

árvores fortes, cujo lenho aquecerá as mãos frias dos gelos,

serão banco, serão mesa, serão quilha, serão cabo da enxada,

e voltarão à terra.

 

Estarão nas jarras e nas mesas, nos cabelos e no coração das mulheres,

e nas mãos dos homens que os levarão como archotes.

 

Os que ouvirem meus poemas, nunca mais esquecerão a música da liberdade

e não mais se resignarão.

 

Lançarei meus poemas e eles crescerão e se multiplicarão

na consciência do mundo,

e outros virão amanhã lançar também suas sementes.

 

Então, meus poemas, serão inúteis, porque ninguém necessitará

das suas flores

nem da sua música,

e já haverá no passo de cada homem o ritmo da liberdade.

 

Terão cumprido o seu destino. Estarão na luz dos olhos felizes

dos homens livres

na memória do tempo que virou história.

Serão felizes Como a cinza, na certeza de que já foram o fogo do

seu tempo

as chamas que deram calor à vida

a fagulha que propagou o incêndio para a queimada necessária."

 

(poema "Sementes" de J G de Araujo Jorge - do livro 'Mensagem')

 

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Uploaded on October 26, 2009
Taken on October 25, 2009