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condição (re-edição)

o cão abanava seu raio de sol

quando a moça

labareda de cores na cabeça

procurou no espelho cego

vestígios do que não fora

 

de outro ego que era quimera

mas que jamais esquecera

 

o mar que a tudo assistira

julgou que era um equívoco

uma moça de tanta beleza

procurar a que jazia

nas névoas do inconsciente

 

uma que não se exibia

mas de libido incontrolável

 

o espelho que não decifrara

o que a moça esperava dele

alternava na alucinada face

feições de inúmeras espécies

de flores

de ninfas

de aves

de peixes

 

mas nenhuma imagem exibia

aquela que a moça queria

 

quando a lua trouxe o vento

juntou aleatoriamente

os cacos em que se partira

a moça de olhos marítimos

com cobiça de cortesã

 

mas o seu âmago escorrera

para o córrego do amanhã

 

amanhã ainda estará

o cão abanando seu raio

moços e moças sonhando

um futuro que ficou no passado

um futuro que é só ilusão

 

mas é esta a única estrada

é esta a nossa condição.

 

 

 

Poema e foto:

Fred Matos

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Uploaded on April 25, 2011
Taken on November 13, 2010