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Içá ou Tanajura - Fêmea de uma Saúva (Atta sexdens rubropilosa) - Formiga voadora - The Leaf-Cutting ant 14-11-07 042

Thank you very much, again, Dario Sanches, for the right identification of this ant.

A text, in english, from Wikipedia (en.wikipedia.org/wiki/Leafcutter_ant ), the free encyclopedia:

Leafcutter ants are social insects found in warmer regions of Central and South America. These unique ants have evolved an advanced agricultural system based on ant-fungus mutualism. They feed on special structures called gongylidia produced by a specialized fungus that grows only in the underground chambers of the ants' nest.

Different species of leafcutter ants use different species of fungus, but all of the fungi the ants use are members of the Lepiotaceae family. The ants actively cultivate their fungus, feeding it with freshly-cut plant material and maintaining it free from pests and molds. This symbiotic relationship is further augmented by another symbiotic partner, a bacterium that grows on the ants and secretes chemicals, or secondary metabolites, which protect the fungus from molds that would feed on the fungus - essentially the ants use portable antimicrobials. Leaf cutter ants are sensitive enough to adapt to the fungi's reaction to different plant material, apparently detecting chemical signals from the fungus. If a particular type of leaf is toxic to the fungus the colony will no longer collect it.

Leafcutter ants comprise two genera — Atta and Acromyrmex — with a total of 39 species[1] (15 in Atta and 24 in Acromyrmex), some of which are major agricultural pests. For example, some Atta species are capable of defoliating an entire citrus tree in less than 24 hours.

The Acromyrmex and Atta ants have much in common anatomically; however, the two can be identified by their external differences. Atta ants have 3 pairs of spines and a smooth exoskeleton on the upper surface of the thorax while Acromyrmex have 4 pairs and a rough exoskeleton.

A mature leafcutter colony can contain more than 8 million ants, mostly sterile female workers. They are divided into castes, based mostly on size, that perform different functions. Acromyrmex and Atta exhibit a high degree of biological polymorphism, four castes being present in established colonies - minims, minors, mediae and majors. Majors are also known as soldiers or dinergates. Atta ants are more polymorphic than Acromyrmex, meaning that there is comparatively less differential in size from the smallest to largest types of Acromymex.

* Minims are the smallest workers, and tend to the growing brood or care for the fungus gardens. Head width is less than 1 mm.

* Minors are slightly larger minima workers and are present in large numbers in and around foraging columns. These ants are the first line of defense and continuously patrol the surrounding terrain and vigorously attack any enemies that threaten the foraging lines. Headwidth are around 1.8-2.2 mm

* Mediae are the generalized foragers, who cut leaves and bring the leaf fragments back to the nest.

* Majors are the largest worker ants and act as soldiers, defending the nest from intruders, although there is recent evidence that majors participate in other activities, such as clearing the main foraging trails of large debris and carrying bulky items back to the nest. The largest soldiers (Atta laevigata) may have total body lengths up to 16 mm and head widths of 7 mm.

When the ants are out collecting leaves, they are at risk of being attacked by the phorid fly, a parasitic pest which lay eggs into the crevices of the worker ants head. Often a minim will sit on the worker ant and ward off any attack.

Obrigado, mais uma vez ao Dario Sanches, agora pela identificação desta formiga.

A içá é a fêmea da formiga saúva. Formiga com asas, como aquela que o Tesourinha capturou na foto anterior. Vejam como ela é grande em relação às outras.

A içá é a fêmea da formiga saúva, responsável pela perpetuação da espécie. Seu abdômen, destacado do corpo e torrado, constitue iguaria muito apreciada na culinária popular.

Farofa de Içá Torrado

("... A içá torrada venceu todas as resistências,urbanizando-se mesmo, quase tão completamente como a mandioca, o feijão, o milho e a pimenta da terra. Pretendeu-se que os jesuítas, no intuito de livrarem as lavouras da praga das saúvas, tivessem contribuido para disseminar entre os paulistas o gosto por essa iguaria. Nada há de inacreditável em tal suposição,uma vez que já os primeiros escritos de missionários inacianos em terra brasileira, mencionam a içá como prato saboroso e saudável. Nos meses de setembro e outubro, em que saem aos bandos essas formigas aladas, buscava-as com sofreguidão, nos seus quintais, a gente de São Paulo, e ainda em pleno século XIX, com grande escândalo, para os estudantes forasteiros

eram apregoadas elas no centro da cidade pelas pretas de quitanda, ao lado das comidas tradicionais: biscoito de polvilho, pés-de-moleque, furrundum de cidra, cuscuz de baqre ou camarão, pinhão quente, batata assada ao forno, cará cozido...")

Sérgio Huarque de Holanda - "Caminhos e Fronteiras"

Por todo o Vale do Paraíba sempre houve grandes apreciadores de içás.

Monteiro Lobato foi grande apreciador da iguaria e a ela se refere em vários textos de sua obra sempre plena de indicações de caráter folclórico. Lobato certa vez disse que a içá é o caviar da gente taubateana.

Modo de Fazer:

Limpam-se as içás das perninhas e cabeças. Em seguida, põe-se de molho em água e sal por cerca de 1/2 hora. Escorre-se bem e leva-se ao fogo, em frigideira com gordura mexendo-se sempre para não queimar. Quando estiverem bem torradas,acrescenta-se farinha de mandioca, mexendo-se sempre, resultando a farofa, ja pronta para ser comida acompanhada de café. Se quiser, coloca-se em pequeno pilão, juntando-se farinha a gosto, daí resultando uma paçoca de içás.

 

A seguir texto de Eduardo Kato, biólogo e professor de gestão ambiental do INPG- Instituto Nacional de Pós Graduação, que pode ser acessado no endereço www.maisprojetos.com.br/conteudos/boletim/Bloco1/bloco1_m...

No início da primavera, surgem alguns insetos voadores dotados de enorme e arredondado abdômen - são as içás ou tanajuras, expressão fêmea das formigas saúvas. Num único determinado dia, estas içás alçam vôo para serem fecundadas.

De volta a superfície, as içás perdem definitivamente as suas asas. Sem perder tempo, escolhem, separadamente, um tipo de solo apropriado para nele escavar um buraco com quase um palmo de profundidade e que terminará em uma câmara onde a iça dará início a uma nova população de saúvas. Curiosamente, a içá fecha o túnel que desemboca na referida câmara com porções de solo retiradas do fundo da própria câmara que fica então imersa em um ambiente úmido e completamente escuro.

Concluída a etapa de construção do abrigo, a saúva elimina pela boca uma pequenina porção de um fungo filamentoso (uma pequenina porção de bolor) que irá desenvolver-se nutrido, nesta etapa, pelos dejetos e pela saliva da iça. Este fungo servirá de semente para produzir o alimento necessário para alimentar toda a futura colônia.

Cerca de uma semana depois de concluída a câmara, começa a postura dos ovos que a saúva instala, um a um, sobre a massa esbranquiçada de fungos, que neste momento sevem de "berço".

É curioso como a saliva da içá impede o desenvolvimento de outros microorganismos que poderiam vir a prejudicar o desenvolvimento da nova colônia. Para usufruir deste fato, a içá limpa regularmente suas próprias patas e antenas com o auxílio das suas mandíbulas cobertas de saliva.

Regularmente, durante a postura de ovos, a iça põe uns ovos muito maiores que os normais. Estes ovos - "ovos de alimentação" - são estéreis e servem de fonte de alimentos para a própria iça e também para os novos integrantes da colônia, na fase larval, enquanto o fungo não está disponível em quantidade suficiente.

Depois de cerca de três semanas, surgem dos ovos larvas que passam a ser alimentadas pelo conteúdo líquido dos "ovos de alimentação" levados pela içá, de boca em boca, para as larvas.

Mais três semanas e as larvas transformam-se em pupas (forma intermediária de desenvolvimento já muito semelhante à forma adulta). As pupas não tem a necessidade de se alimentar. Dez dias depois, a içá ajuda as "novas formigas" a sair das membranas de pupa.

Estas jovens formigas já tem uma formidável tarefa para cumprir : escavar uma saída em forma de túnel até a superfície e depois, alargá-lo suficientemente para formar o primeiro acesso (olheiro) do novo formigueiro.

Neste ponto, as primeiras formigas da nova colônia já são capazes de identificar plantas que forneçam folhas que serão trazidas para o interior do formigueiro cortadas em pequenos pedaços. Estas porções de folhas serão introduzidas no interior da massa de fungos. Os fungos são decompositores de partes vegetais (dos pedacinhos de folha), ou seja, nutrem-se das folhas para poder se desenvolver. Uma estrutura - "pequeno cone alongado" - que surge na massa de filamentos do fungo "cultivado" desta forma, é o alimento das laboriosas formigas. Estes "cones" aparecem em culturas de fungos com mais de 100 dias de desenvolvimento e passam a substituir definitivamente os "ovos de alimentação" para todos os elementos da colônia.

A seguir um texto, em português da wikipedia:

Saúva é designação comum às formigas, especialmente as do gênero Atta, da família dos formicídeos, que conta com cerca de 200 espécies, nativas do Novo Mundo e abundantes na região neotropical. Elas cortam pedaços de folhas e carregam para os ninhos a fim de criar os fungos que constituem o seu alimento exclusivo. No Brasil, são uma das mais importantes pragas agrícolas.

São chamadas ainda, dentre outros nomes, de cabeçuda, caçapó, caiapó, carregadeira, cortadeira, formiga-cabeçuda, formiga-caiapó, formiga-carregadeira, formiga-cortadeira, formiga-da-roça, formiga-de-mandioca, formiga-de-nós, formiga-de-roça, formiga-saúva, lavradeira, manhuara, maniuara, picadeira e roceira.

As folhas e outras partes de plantas (tanto mono como dicotiledôneas) cortadas pelas saúvas são levadas para o formigueiro, para servirem de substrato para cultivar o fungo mutualista, do qual as formigas se alimentam. A nomenclatura deste fungo é controversa, recebendo diversos nomes como Leucoagaricus gongylophorus (este é o mais aceito atualmente), Leucocoprinus gongylophorus, Attamyces bromatificus, Pholota gongylophora (Moeller), dependendo do autor.

A içá ou tanajura, rainha das formigas, revoa em dias claros do começo da estação chuvosa, e, fecundada, inicia novo sauveiro. Traz no aparelho bucal um bolota de fungo de seu formigueiro natal, e a regurgita no novo sauveiro, irrigando-a depois com sua matéria fecal.

Cerca de 99% das içás não chegam a formar sauveiros maduros.

Entre as espécies mais comuns de saúva no estado de São Paulo estão:

* Atta sexdens rubropilosa Forel, 1908 - saúva-limão

* Atta sexdens piriventris Santschi, 1919 - saúva-limão-sulina

* Atta laevigata F. Smith, 1858 - saúva-cabeça-de-vidro

* Atta bisphaerica Forel, 1908 - saúva-amarela ou saúva-mata-pasto

* Atta capiguara Gonçalves, 1944 - saúva-dos-pastos ou saúva-parda

Em vôo, as içás são devoradas por pardais, andorinhas, sabiás e outras aves.

No sauveiro novo, são atacadas por tatus e insetos predadores.

No Nordeste brasileiro, as tanajuras fazem parte de um cardápio exótico, sendo iguaria em mercados públicos como o de São José - Recife - PE.

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Uploaded on November 15, 2007
Taken on November 14, 2007