Bia Braune
Jornal do Commercio de Recife - 08/07/2007
A CAIXINHA MÁGICA
Livro registra a história dos programas e das pessoas que fizeram TV no Brasil
Carol Almeida
calmeida@jc.com.br
O modelo é sucesso de público: nada de texto grande, muitas imagens inéditas (e outras tantas nostálgicas) e uma pilha de curiosidades que você sempre pode tirar da manga nas mais triviais rodas de conversa. E o assunto não poderia ser mais apaixonante para os brasileiros: TV. Afinal de contas, é ela que por décadas estabelece um sentido de identidade nacional mais forte que qualquer sentimento patriótico. Almanaque da TV, histórias e curiosidades desta máquina de fazer doido (R$ 49,90) é o novo lançamento da série de almanaques da Ediouro.
Esqueça senso crítico ou sociológico aqui. A proposta passa longe da reflexão, mas atinge certo a idéia de informação como diversão (filosofia que pauta hoje a programação dos grandes canais). O livro é sim cheio de notas que dão conta da memória de um meio que, apesar de popular, não tem muitos registros de sua atividade. As listas (dos melhores e piores) e testes são um ponto forte desta edição.
Os acontecimentos e pessoas são divididos em 13 capítulos que falam desde o estranhamento das pessoas com os primeiros aparelhos de TV – as publicidades da época são imbatíveis – até a varredura de reality shows. É um balaio de tudo: do rosto de Herbert Richards, dos calouros que deram certo até o frenesi que You Tube provocou quando começou a disponibilizar na web micos inacreditáveis da telinha: e, sim, o livro registra o famoso caso do Sanduíche-íche-íche. Para os fãs da “caixinha mágica”, é imperdível.
PLUGADA 24 HORAS NA TELEVISÃO
Bia Braune trabalha há sete anos no Video show (Globo). Ricardo Xavier, Rixa, está no mesmo programa há 23 anos. Eles são pagos para assistir TV. O trabalho logo vira mania e Bia, na entrevista abaixo, traduz um pouco desse espírito.
JC – De qual programa, de todos os tempos da TV, você gostaria de ter participado?
BIA BRAUNE – Penso em três momentos. Queria ter uma máquina do tempo para poder voltar ao dia da estréia na TV no Brasil, deve ter sido uma coisa tão maluca, porque tinha tudo pra dar errado, mas deu certo. Queria muito ter participado também e, principalmente, assistido à novela O rebu, de Bráulio Pedroso. Na época era uma coisa supermoderna, porque toda novela se passava em apenas uma noite, era uma trama meio hitchcokiana mesmo. E há ainda outra história: quando eu tinha 11 anos, todo mundo fazia aquela pergunta do que você vai ser quando crescer. E eu queria ser roteirista da TV Pirata.
JC – Se fosse para trocar de identidade com alguma apresentador de TV, em que corpo você ia parar?
BIA – Devia ser interessante ser o Chacrinha.
JC – Lembra em que dia você passou mais tempo assistindo TV e por que?
BIA – Não sei te dizer, porque passo o dia trabalhando com televisão e por isso assisto a muita coisa, mesmo quando não estou sentada assistindo. Sou o tipo da pessoa que vai fazer unha e a todo tempo fico atenta aos que as pessoas falam sobre televisão.
JC – O IBGE indica que há mais TVs que geladeiras nos domicílios brasileiros. Quais os tipos de programas que você gostaria de conservar mais tempo na geladeira pra que eles durassem até hoje?
BIA – Acho que os teleteatros. A gente tem coisas supermodernas que aconteceram nos teleteatros. Por exemplo, em 1963, aconteceu em um teleteatro o primeiro beijo gay da TV, com duas mulheres. E hoje você não consegue ver uma novela que ouse isso. Ia acontecer em América, não aconteceu.
JC – O futuro é do controle remoto ou de sites como You Tube?
BIA – Acho que o futuro pertence ao You Tube mesmo, porque são com esses artifícios da internet que você pode assistir aos programas quando quiser.
Jornal do Commercio de Recife - 08/07/2007
A CAIXINHA MÁGICA
Livro registra a história dos programas e das pessoas que fizeram TV no Brasil
Carol Almeida
calmeida@jc.com.br
O modelo é sucesso de público: nada de texto grande, muitas imagens inéditas (e outras tantas nostálgicas) e uma pilha de curiosidades que você sempre pode tirar da manga nas mais triviais rodas de conversa. E o assunto não poderia ser mais apaixonante para os brasileiros: TV. Afinal de contas, é ela que por décadas estabelece um sentido de identidade nacional mais forte que qualquer sentimento patriótico. Almanaque da TV, histórias e curiosidades desta máquina de fazer doido (R$ 49,90) é o novo lançamento da série de almanaques da Ediouro.
Esqueça senso crítico ou sociológico aqui. A proposta passa longe da reflexão, mas atinge certo a idéia de informação como diversão (filosofia que pauta hoje a programação dos grandes canais). O livro é sim cheio de notas que dão conta da memória de um meio que, apesar de popular, não tem muitos registros de sua atividade. As listas (dos melhores e piores) e testes são um ponto forte desta edição.
Os acontecimentos e pessoas são divididos em 13 capítulos que falam desde o estranhamento das pessoas com os primeiros aparelhos de TV – as publicidades da época são imbatíveis – até a varredura de reality shows. É um balaio de tudo: do rosto de Herbert Richards, dos calouros que deram certo até o frenesi que You Tube provocou quando começou a disponibilizar na web micos inacreditáveis da telinha: e, sim, o livro registra o famoso caso do Sanduíche-íche-íche. Para os fãs da “caixinha mágica”, é imperdível.
PLUGADA 24 HORAS NA TELEVISÃO
Bia Braune trabalha há sete anos no Video show (Globo). Ricardo Xavier, Rixa, está no mesmo programa há 23 anos. Eles são pagos para assistir TV. O trabalho logo vira mania e Bia, na entrevista abaixo, traduz um pouco desse espírito.
JC – De qual programa, de todos os tempos da TV, você gostaria de ter participado?
BIA BRAUNE – Penso em três momentos. Queria ter uma máquina do tempo para poder voltar ao dia da estréia na TV no Brasil, deve ter sido uma coisa tão maluca, porque tinha tudo pra dar errado, mas deu certo. Queria muito ter participado também e, principalmente, assistido à novela O rebu, de Bráulio Pedroso. Na época era uma coisa supermoderna, porque toda novela se passava em apenas uma noite, era uma trama meio hitchcokiana mesmo. E há ainda outra história: quando eu tinha 11 anos, todo mundo fazia aquela pergunta do que você vai ser quando crescer. E eu queria ser roteirista da TV Pirata.
JC – Se fosse para trocar de identidade com alguma apresentador de TV, em que corpo você ia parar?
BIA – Devia ser interessante ser o Chacrinha.
JC – Lembra em que dia você passou mais tempo assistindo TV e por que?
BIA – Não sei te dizer, porque passo o dia trabalhando com televisão e por isso assisto a muita coisa, mesmo quando não estou sentada assistindo. Sou o tipo da pessoa que vai fazer unha e a todo tempo fico atenta aos que as pessoas falam sobre televisão.
JC – O IBGE indica que há mais TVs que geladeiras nos domicílios brasileiros. Quais os tipos de programas que você gostaria de conservar mais tempo na geladeira pra que eles durassem até hoje?
BIA – Acho que os teleteatros. A gente tem coisas supermodernas que aconteceram nos teleteatros. Por exemplo, em 1963, aconteceu em um teleteatro o primeiro beijo gay da TV, com duas mulheres. E hoje você não consegue ver uma novela que ouse isso. Ia acontecer em América, não aconteceu.
JC – O futuro é do controle remoto ou de sites como You Tube?
BIA – Acho que o futuro pertence ao You Tube mesmo, porque são com esses artifícios da internet que você pode assistir aos programas quando quiser.