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Portugal - Castelo de Ourém - Dele se contam histórias de Reis, a ele se associam lendas. Uma delas explica o nome dado à vila. Segundo a lenda, esta vila deve o seu nome a uma história de amor…

Considerado um dos mais belos de Portugal, o castelo de Ourém apresenta ainda hoje algumas das marcas da sua edificação primitiva, datada do século XII. Situado no alto de uma colina, este edifício medieval proporciona uma impressionante vista panorâmica

 

Situado num morro que desce até à zona antiga da cidade de Ourém está o seu castelo medieval. O edifício, cuja data de construção, apesar de incerta, remonta ao século XII, tem características acentuadamente defensivo-militares. Este local terá sido habitado desde a pré-história, passando pelos romanos e visigodos, até à invasão muçulmana que terá dado origem à primitiva fortificação de Ourém, de que subsistem as muralhas duas portas e algumas torres. Em 1282, D. Dinis doou este castelo à rainha Santa Isabel e no reinado de D. Pedro I, Ourém foi elevada a condado. Um século mais tarde, o Mestre de Avis atacou e tomou o castelo, depois de o conde de Ourém, durante a crise de 1385 tomar o partido de D. Beatriz indesejada pelo povo para rainha derivado ao seu casamento com o rei de Castela e a consequente perda da independência Portuguesa. Durante o século XV, o castelo de Ourém sofreu remodelações apresentando um perímetro triangular com uma cisterna ogival subterrânea no centro do recinto, desde sempre alimentada por uma fonte de água pura e abundante para a qual se desce por uma escada de pedra. De entre as melhorias feitas ao castelo, foi construído o paço dos condes, onde residiram D. Afonso IV Conde de Ourém, fidalgo e neto de D. João I, o Mestre de Avis, e Condestável D. Nuno Álvares Pereira.

 

A paisagem decorada com pinhais nas colinas, hortas nos vales, e vinhedos e olivais a percorrer as encostas da Serra de Aire, ainda protegida no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, envolve este castelo medieval de estilo românico. O paço e os dois torreões, erigidos em estilo florentino, em 1450, apresentam uma arquitetura invulgar, onde a função palaciana habita com uma forte estrutura militar. A sul encontram-se os já referidos torreões defensivos do séc. XV, cujos terraços, no último andar permitem admirar uma impressionante vista panorâmica. Na fachada virada a Norte, estão bem patentes as influências Norte-Africana e Italiana, com portas e janelas de estilo do gótico. Daí avista-se o amplo e panorâmico Terreiro de Santiago, com a estátua de D. Nuno Álvares Pereira, terceiro conde de Ourém que daqui terá partido para a famosa Batalha de Aljubarrota. Com a crescente procura deste espaço, por parte da população, foram alongadas as muralhas de modo a envolverem a vila, das quais ainda ficaram as Portas da Vila e as Portas de Santarém.

 

O castelo de Ourém, assim como a região onde se insere, terão passado para o Reino de Portugal, no reinado de D. Afonso Henriques, todavia não são conhecidas as datas nem as circunstâncias da sua tomada aos mouros. Acredita-se que este local tenha sido habitado desde a pré-história, passando pelos romanos e visigodos até à invasão muçulmana, que terá dado origem à primitiva fortificação de Ourém, local designado ao tempo de Abdegas. O castelo ganhou uma certa monumentalidade quando passou para as mãos de D. Afonso, 4º Duque de Ourém e filho do primeiro duque de Bragança. No entanto, esta fortaleza de características mudéjares e góticas foi bastante devastada pelo terramoto de 1755, ficou parcialmente destruído, assim como a vila, sendo ainda mais danificado com as invasões francesas, em 1810. Classificado como Monumento Nacional, foi posteriormente restaurado pela Fundação Casa de Bragança, que lhe restituiu a sua primitiva grandiosidade. Apesar de tudo, conseguiu manter a sua beleza até hoje, no que é acompanhado pelo carácter velho e antigo do núcleo urbano de raiz medieval que alberga nas suas muralhas…

 

A lenda de Oureana, a moura amada.

 

Corria o ano de 1136. Numa das suas ousadas e bem-sucedidas campanhas militares, D. Afonso Henriques arrebatava a fortaleza de Abdegas, atalaia mourisca alcandorada em elevado morro, num lugar de difícil acesso que travava o avanço dos Cristãos para a linha do Tejo. Entre os intrépidos guerreiros das hostes do Conquistador encontrava-se o lendário Traga-Mouros, filho de Hermígio Gonçalves, companheiro de Afonso Henriques desde a meninice nas terras galegas do Condado Portucalense. O galã da "Lenda de Oureana" é dotado de superiores talentos, posto que é o primeiro de todos os belos Trovadores que iniciam as cantigas em Língua Galega com o novo modo de trovar trazido pelos Cruzados que, dos longínquos castelos da doce Bretanha, tinham vindo auxiliar nas lutas contra os Mouros nos tempos da reconquista. A sua voz melodiosa, a sua arte sublime de poeta e a sua sensibilidade ao dedilhar o alaúde, eram um poder mágico que abria ao guerreiro-trovador as portas de todos os castelos cristãos da Galiza até Coimbra. Os Mouros tinham esfacelado o seu valente pai, apelidado de Lutador, durante aquela sangrenta Batalha de Ourique, num golpe de traição. Chorou-o como D. Afonso Henriques que, logo em seguida, auxiliado por poderes divinos, degolou cinco reis mouros e desbaratou o poderoso exército da moirama. Gonçalo Hermigues substitui, então, no lugar de valido do rei, o seu nobre pai. Recebe a honra de governar o Castelo de Abdegas acompanhado de um valente punhado de nobres guerreiros, todos jovens e bem treinados nas duras lutas contra o infiel, segundo os criterios daquele tempo.

 

Numa noite de S. João, os moços cavaleiros entretinham-se em jogos de lanças, quando um dos mais ousados propôs um treino mais proveitoso nessa noite de amores e de folgança para cristão e para mouros. Em breve, cavalgavam nos areais, batidos por mansas ondas. Embarcam no batel dos cruzados ancorado junto à praia. Rompia a madrugada de um S. João exaltante quando o batel chegou à foz de Mira. Atracaram, em silêncio, frente aos campos floridos de Alcácer. Subitamente, vindo do lado do Alcazar, o vozear pipilante de um bando de formosas e jovens mulheres. Destacando-se de todas as outras, a mais garbosa era Fátima, a filha dileta do governador do castelo. Sobre ela tombaram os olhos de Gonçalo Hermigues. Por ela ficou de imediato enfeitiçado o Traga-Mouros. Logo esquecidos os perigos, ele improvisa uma trova sublime. Desse momento se encontram vestígios nos Cancioneiros Medievais. Sem temor, a doce Fátima correu para os braços do Trovador. Tomados de êxtase, cada um dos cavaleiros arrebata uma Mourinha. No ar perfumado de giesta e rosmaninho ouviam-se as trovas que haveriam de dar o nome a Oureana:

 

Entretanto, aproximava-se uma chusma de mouros bem armados de alfanges e adagas reluzentes. Corriam a salvar as suas irmãs e noivas. Então, o corajoso Gonçalo Hermigues deitou o corpo de Fátima que entretanto desmaiara sobre uma pequena duna e ordenou aos companheiros que fossem para o batel e o aguardassem. Sozinho, fez frente aos aguerridos sarracenos e num repente tomava a amada contra o seu peito e entrava no batel salvador. Alguns dias mais tarde, pela lua cheia de Agosto, grande festa anima a sua herdade, perto do Castelo de Abdegas. Música e danças e muitos folguedos celebram a alegria da conversão da bela moura. Nesse dia, fora celebrado o batizado e logo em seguida o casamento cristão da filha de Abu Déniz que tomara o nome de Oureana. Tanta fama teve a sua beleza e a força do seu amor que o povo trocou o nome de Abdegas pelo de Ourém. Mas o drama da manhã de S. João ferira de morte o coração dividido de Oureana. Saudades da família e das terras do Sul entristeciam-lhe a alma e roubavam-lhe o alento. Numa manhã cinzenta de Abril, começavam a florir as rosas brancas no jardim do Castelo, Oureana caía morta no caminho pare a igreja. Inconsolável, o Traga-Mouros encerra a sua dor e a sua juventude na branca cela de um Convento. Diz-se que todas as manhãs, quando o sol nascia, ele vinha rezar junto da campa da sua amada, com uma rosa branca entre as mãos e que nunca mais dedilhara as cordas do alaúde. E porque de amor também se morre, foi sobre a campa de Oureana que, num triste dia de Novembro, abandonou esta vida de paixões. Os dois ficaram para sempre unidos nesse pedaço da terra de Ourém. Terra de ligações profundas entre os homens e os Deuses. Terra de fé e de elevados ideais, cultivados de geração em geração pelos seus filhos, descendentes de Gonçalo Hermigues, o Traga-Mouros e a doce Oureana…

 

 

 

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Uploaded on May 25, 2012
Taken on January 14, 2012