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França - Béziers – Esta cidade encontra-se diretamente ligada ao terrível massacre dos seus habitantes durante o saque de Béziers, um evento que teve lugar a 22 de julho de 1209, um dia de triste memória para a história do cristianismo...

Béziers é uma cidade muito antiga com 2700 anos de história, esta começou com a ocupação de uma população no início do século VI aC. durante a Idade do Ferro. É uma das principais povoações do Mediterrâneo Celta. Após a reconstrução de Narbonne e a fundação da colónia romana de Arles por Júlio César em 45 aC., Otaviano funda no ano de 36 aC. neste mesmo território a - Colónia Urbs Júlia Septimanorum Baeterra - "antigo nome de Béziers", onde manda instalar os veteranos da Sétima Legião de Júlio César. Localizada a poucos quilómetros do Mar Mediterrâneo, era atravessada pela Via Domitia que ligava a Itália à Espanha, Baeterrae cresce até ao século III, quando a forte insegurança obriga à construção de uma cintura amuralhada para a sua defesa.

O seu famoso vinho branco foi exportado para Roma nos primeiros séculos do primeiro milénio, foram descobertas recentemente algumas garrafas numa escavação perto de Roma que se encontravam marcadas com as palavras "Eu sou um vinho de Baeterrae e tenho cinco anos de idade", a outra dizia simplesmente "vinho branco de Baeterrae".

Durante a idade média, Béziers foi a sede de um bispado, e graças a Carlos Magno, um condado. Béziers continua a fortalecer-se, principalmente no início do século XII. Nesse período, Béziers foi governada por Viscondes que controlavam uma grande parte da planície costeira ao redor da cidade, incluindo também a cidade de Agde. A influente família Trencavel governou estas terras durante 142 anos, até à Cruzada dos Albigenses, a chamada guerra santa contra os Cátaros, fortemente apoiada pelo Papa Inocêncio III e com uma grande ajuda dos senhores do Norte.

Béziers foi uma grande fortaleza do Catarismo no Languedoc, que a Igreja Católica condenou como sendo forças desprezíveis e heréticas, que estes teriam de ser rapidamente exterminados na Cruzada dos Albigenses. Nesta terrível cruzada, a única dentro de portas da cristandade, Béziers foi o primeiro lugar a ser atacado. Os cruzados chegaram às portas da cidade no dia 21 de Julho de 1209. Foi então dado um ultimato a todos os católicos de Béziers para que estes entregassem os hereges ou saíssem antes da chegada dos cruzados, pois estes sitiariam a cidade e quem ai se encontrasse nessa altura compartilharia do seu terrível destino e pereceria com eles. No entanto, eles recusaram-se a obedecer a tais ordens, considerando tal ato, um gesto de abandono e cobardia.

Os católicos de Béziers ficariam com os Cátaros com quem tinham uma excelente e cordial relação, e resistiriam juntos às ameaças. A cidade foi saqueada em 22 de Julho de 1209, e no sangrento massacre, ninguém foi poupado, nem mesmo os padres católicos e os que se refugiaram nas igrejas. Um dos comandantes desta cruzada foi o Legado Papal Arnaud de Amaury, Abade de Cister. Quando perguntado por um nobre Cruzado como distinguir católicos de cátaros, uma vez que já tinham tomado a cidade, o abade supostamente terá respondido: "Caedite eos, Novit enim Dominus qui sunt eius. " "Matai-os, pois o Senhor conhece os que são seus". Esta frase citada muitas vezes é proveniente de Cesário de Heisterbach juntamente com a história de todos os hereges. Embora as discussões ainda estivessem a acontecer com os barões sobre a libertação dos seus habitantes, um grande número de outras pessoas de baixa patente e até alguns arruaceiros desarmados, atacaram por toda a cidade sem esperar por ordens dos seus líderes. No espaço de duas ou três horas, eles atravessaram as valas e as paredes, e pouco depois a cidade de Béziers seria tomada.

Ninguém conseguiu escapar, independentemente da posição, sexo ou idade, foram todos passados no fio da espada, tendo como resultado, cerca de 20 mil almas massacradas em nome de Deus. Logo após esta grande matança, toda a cidade foi saqueada e despojada dos seus bens mais preciosos e logo de seguida queimada... Os invasores queimaram a Catedral de Saint Nazaire, que caiu sobre aqueles que se haviam refugiado no seu interior. "A placa em frente à Catedral regista o Dia do Massacre perpetrado pelos barões do norte." Algumas partes românicas da Catedral de St-Nazaire sobreviveram, para mais tarde, em 1215 serem recuperadas na reconstrução. A sua lenta recuperação, juntamente com o resto desta bela cidade, continuaria ao longo do tempo até finais do século XV.

A Catedral de Saint-Nazaire-et-Saint-Celse de Béziers é um templo que transporta os ecos desses dias terríveis, que apesar de longínquos nos parecem cada vez mais próximos nos dias que correm. Quanto mais recuamos na história, mais temos a certeza de que a paz duradoura não passará nunca de uma utopia.

Esta Catedral é o maior monumento de estilo gótico da cidade de Béziers, e foi construída na parte ocidental da antiga cidade medieval, numa colina com uma vista magnífica para o vale do Orb, e que se tornaria no símbolo da cidade, visível de muito longe derivado à sua altura, especialmente quando se entra em Béziers pela estrada de Narbonne. A Catedral foi proposta para ser classificada como um monumento histórico na lista de 1840, encontra-se no local de um antigo templo romano dedicado a Augusto e à sua esposa Livia. Do lado de fora, a Catedral tem um ar de fortaleza, com os seus elementos arquitetónicos dignos de um castelo medieval, à semelhança de muitos templos cristãos desta época espalhados por toda a Europa.

 

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Uploaded on December 9, 2014
Taken on August 20, 2013