A pedra no sapato

 

No que toca a anfíbios e répteis, grupos de vertebrados a que tenho dedicado uma boa parte do meu tempo livre, a minha pedra no sapato é o sapo-parteiro-ibérico adulto... única espécie em Portugal dessas classes de vertebrados que ainda não fotografei nem vi.

 

Mas vi e fotografei a larva (ou girino)! Esta não é fácil de distinguir da larva do sapo-parteiro-comum (A. obstetricans)... a forma mais segura de as distinguir é pelo espiráculo, um pequeno orifício que permite as trocas de água entre o exterior e as suas brânquias internas e assim a respiração. No comum, o espiráculo encontra-se a meio do ventre e no ibérico posiciona-se mais à frente. Mas isso não se vê.... tem de se sentir, talvez com uma palha e tentando não magoar o animal, movimentando a mesma ao longo do ventre do animal até encontrar o "obstáculo" ao movimento que é o espiráculo.

 

Os adultos dos dois sapos-parteiros também se distinguem por pormenores como o nº de calos nas mãos, 3 no comum (2 em casos pontuais) e sempre 2 no ibérico.... mas não deixa de ser curioso constatar que ambas as espécies divergiram 10 milhões de anos antes de os humanos divergirem do chimpanzé! De onde se conclui que talvez as semelhanças entre humanos e chimpanzés sejam bem menores do que cremos (e queremos...).... e toma lá mais uma pedra para o sapato! ;-)

 

Girino de Sapo-parteiro-ibérico / Tadpole of Iberian midwife toad (Alytes cisternasii)

Évora, Portugal. (03/05/10)

 

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