Back to photostream

Mark Arm

Após anos de culto aos anos 80, já estava na hora de pular para a década seguinte. Pelo menos no show da banda norte-americana Mudhoney em São Paulo nesta sexta feira (1º), o revival dos anos 90 já começou.

 

Na porta da casa noturna Clash, no bairro da Barra Funda, dúzias de fãs a caráter, entre adolescentes e trintões, desfilavam suas camisas de flanela num espetáculo grunge como não se via há anos na cidade.

 

Antes mesmo do show começar, o clima nostálgico já se fazia sentir pela discotecagem noventista que aquecia o público com hits dos Beastie Boys, Jane's Addiction e L7, entre outas relíquias da década passada. As cerca de 1300 pessoas que lotavam a casa já pediam pelo Mudhoney quando a banda subiu no palco às 22h10.

 

Exceto por breves brincadeiras em português e pelo hastear de uma bandeira que dizia "Superfuzz - Mudhoney Cover", praticamente não houve interrupções. Durante uma hora e meia (descontando os intervalos entre os bis), a banda de Seattle mostrou como misturar punk com as texturas do rock pesado dos anos 60 e 70, aliando economia, energia e competência.

 

Diante da platéia saltitante, Mark Arm (guitarra e vocal), Guy Maddison (baixo), Steve Turner (guitarra) e Dan Peters (bateria) começaram o show sem maiores falatórios, com um furioso bloco de cinco músicas, começando com "You Got it", do primeiro álbum, "Mudhoney" (1989). Mas foi na segunda canção, o hit "Suck You Dry", do disco "Piece Of Cake" (1992), que a casa quase veio abaixo.

 

Após a menos conhecida "Where is The Future", do último disco "Under A Billion Suns" (2006), "Into The Drink", do clássico "Every Good Boy Deserves Fudge", reiniciou o mosh com força total. De fato, o que a platéia queria era claramente o material dos anos 90.

 

O som estava bom exceto pelo exagero de graves (corrigido da metade em diante) e pelo baixo volume da guitarra de Mark Arm, que ficava praticamente inaudível em algumas músicas. Felizmente, isso não aconteceu em "I Have To Laugh" e "No One Has", em que Arm tocou guitarra slide, num excelente trabalho em conjunto com os solos carregados de efeitos de fuzz e wah wah de Steve Turner.

 

Até que chega o ponto alto do show. A balada "Sweet Young Thing Ain´t Sweet No More" foi seguida pelo clássico grunge "Touch Me I'm Sick", ambas do disco de estréia "Superfuzzbigmuff" (1988). O Clash inteiro cantava os refrões com a convicção de quem celebra uma era. A partir daí o clima se manteve por todo o resto da barulhenta apresentação.

 

Após cerca de uma hora, a banda parou, mas Steve Turner avisou que voltariam logo. E de fato, após alguns minutos, entraram com uma excelente nova canção chamada "New Meaning".

 

Em seguida foi a vez dos heróis grunges prestarem homenagem a seus heróis hardcore, com belos covers de "Fix Me", do Black Flag, "You Stupid Asshole", do Angry Samoans, e, para encerrar, a clássica "Hate The Police", dos Dicks. Essa última, freqüente em shows do Mudhoney, foi reconhecida pelo público, ao contrário das outras duas.

 

O show quase acabou aí, não fosse a insistência da platéia, que exigia "Here Comes Sickness". De repente a banda ressurge para mais três músicas enquanto muitos já saíam, obrigando-os a dar meia volta. E é claro, no final brindaram o caloroso público com o pedido e "Here Comes Sickness" encerrou o show. No que depender dos fãs do Mudhoney, 1991 está de volta.

(PEDRO CARVALHO)

 

1,574 views
0 faves
0 comments
Uploaded on June 4, 2007
Taken on June 3, 2007