Guedes Manifesto
Entrevista para o ESTADO DE SÃO PAULO
Primeira parte de entrevista realizada em 7 de julho de 2012 - quando do lançamento do filme O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA - para o suplemento Estadinho, do jornal O ESTADO DE SÃO PAULO.
[...] entrevista com o jornalista Roberto Guedes, especialista em quadrinhos e autor dos livros Quando Surgem os Super-Heróis e Stan Lee, o Reinventor dos Super-Heróis. Para quem não sabe, o Homem-Aranha foi criado por Stan Lee e Steve Ditko numa série de revistinhas da Marvel, há 50 anos.
Em que os filmes anteriores do Homem-Aranha não seguiram os quadrinhos?
Roberto Guedes - De maneira geral, os três filmes foram bem fiéis aos quadrinhos. Mas é normal que ocorram algumas mudanças e adaptações; afinal, os produtores têm de lidar com décadas de histórias de um personagem e condensar aquilo que entendem ser mais relevante dentro do tempo limite do filme. Por exemplo: o fato de colocarem Mary Jane como o principal interesse amoroso de Peter Parker em vez de Gwen Stacy foi uma dessas mudanças. Nos quadrinhos, Peter só ficaria com Mary Jane após a morte de Gwen. Mas a mudança que realmente incomodou foi o fato do Homem-Aranha do filme produzir uma teia orgânica, sendo que, originalmente, nos gibis, ele as criou artificialmente, usando de seu intelecto privilegiado.
O personagem antes era muito nerd também, não?
Sim. A retratação excessivamente nerd da trilogia não condiz com a figura do herói nos gibis. Nos quadrinhos, Peter deixou de ser um nerd, um sujeito bitolado e egocêntrico, assim que seu tio Ben morreu. Naquele instante, ele amadureceu e se tornou um “homem” responsável, mesmo ainda sendo um jovem.
Qual é a importância dos pais de Peter nos gibis?
Isso nunca teve muito impacto, pois a figura dos pais foi substituída pelos tios: Ben e May. O maior impacto acontece quando morre seu tio (que era um verdadeiro pai para Peter). Ben morre pelas mãos de um criminoso que o Homem-Aranha se recusara a capturar tempos antes. Ao se dar conta disso, Peter aprende que “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, e decide usar suas habilidades a serviço do bem. Assim, órfão “duas” vezes, permanece a figura de sua tia em sua vida, como a constante lembrança de sua falha, e de sua missão enquanto viver.
Entrevista para o ESTADO DE SÃO PAULO
Primeira parte de entrevista realizada em 7 de julho de 2012 - quando do lançamento do filme O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA - para o suplemento Estadinho, do jornal O ESTADO DE SÃO PAULO.
[...] entrevista com o jornalista Roberto Guedes, especialista em quadrinhos e autor dos livros Quando Surgem os Super-Heróis e Stan Lee, o Reinventor dos Super-Heróis. Para quem não sabe, o Homem-Aranha foi criado por Stan Lee e Steve Ditko numa série de revistinhas da Marvel, há 50 anos.
Em que os filmes anteriores do Homem-Aranha não seguiram os quadrinhos?
Roberto Guedes - De maneira geral, os três filmes foram bem fiéis aos quadrinhos. Mas é normal que ocorram algumas mudanças e adaptações; afinal, os produtores têm de lidar com décadas de histórias de um personagem e condensar aquilo que entendem ser mais relevante dentro do tempo limite do filme. Por exemplo: o fato de colocarem Mary Jane como o principal interesse amoroso de Peter Parker em vez de Gwen Stacy foi uma dessas mudanças. Nos quadrinhos, Peter só ficaria com Mary Jane após a morte de Gwen. Mas a mudança que realmente incomodou foi o fato do Homem-Aranha do filme produzir uma teia orgânica, sendo que, originalmente, nos gibis, ele as criou artificialmente, usando de seu intelecto privilegiado.
O personagem antes era muito nerd também, não?
Sim. A retratação excessivamente nerd da trilogia não condiz com a figura do herói nos gibis. Nos quadrinhos, Peter deixou de ser um nerd, um sujeito bitolado e egocêntrico, assim que seu tio Ben morreu. Naquele instante, ele amadureceu e se tornou um “homem” responsável, mesmo ainda sendo um jovem.
Qual é a importância dos pais de Peter nos gibis?
Isso nunca teve muito impacto, pois a figura dos pais foi substituída pelos tios: Ben e May. O maior impacto acontece quando morre seu tio (que era um verdadeiro pai para Peter). Ben morre pelas mãos de um criminoso que o Homem-Aranha se recusara a capturar tempos antes. Ao se dar conta disso, Peter aprende que “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, e decide usar suas habilidades a serviço do bem. Assim, órfão “duas” vezes, permanece a figura de sua tia em sua vida, como a constante lembrança de sua falha, e de sua missão enquanto viver.