Arandu Auá
Realizado pelo o Coletivo Auá em Fortaleza (CE), 2014/2015
"Ixé, filho de Pindorama do lábio Tupi,
batizado Vera Cruz pela invasora nau
imperial. Alimentado nas senzalas a
tronco, pelourinho e bala. Caboclo,
cafuzo, mulato. Mestiço entre o
presente e o passado. Preso na
engrenagem temporal, onde o tempo
que passa estaciona e me escapa. Herói
de minha infância, brandi o tacape.
Hoje, menos humano, mais
instrumento.
Entre o dinheiro e o
trabalho, escravo. E comemoro a Lei
Áurea sem ter dito libertado. Vejo-me
soldado de ferrugem num exército de
málquina que só ruída e nada fala. E
marcho, mais um de minha terra
desterrado. Mas ouço das aldeias o
grito ancestral. Vermelho, branco e
preto. Vibra nas veias meu sangue
multicor. Nessa ciranda faço soar meu
canto. Resisto! Arandu Auá! Sou tribo."