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Babylon Marduk Temple

Os Caldeus Da Nova Babilônia

 

O sucesso dos assírios foi menor que a sua ambição: os novos territórios rapidamente anexados fizeram o império se estender tanto que se tornou difícil governá-lo. Na verdade, a arte de administrar não era o forte dos assírios, de modo que não tardou a desagregação interna de seu poderio, causado pelas seguidas rebeliões dos povos submetidos. E quem acabou por dar o golpe final nos assírios foram justamente os caldeus, os semitas do sul. Chefiados por Nabopalassar, que já servira aos assírios como governador de província, organizaram a insurreição e tomaram Nínive, a capital assíria, em 612 a.C.

Aí começa o capítulo mais importante da história mesopotâmica: nasce o império caldeu, também chamado segundo império babilónico, e sete anos depois, morrendo Nabopalassar, entra em cena seu filho Nabucodonosor. Que tinha um objectivo bem definido, embora nada original: conquistar o que pudesse. Sem perder tempo, organizou o exército e lançou-se mundo a fora. Os primeiros a cair foram os egípcios; os assírios vieram logo a seguir. Os fortes dominados, chegou a vez dos fracos: o reino de Jerusalém, que havia conseguido resistir aos assírios, a Fenícia e a grande parte da Arábia. Ao todo foram 30 anos de guerras contínuas, Mas Nabucodonosor cumprira seu objectivo e podia então considerar-se, acima de qualquer suspeita, o mais poderoso soberano do Oriente.

Poderoso e inventivo. A fama de Nabucodonosor não lhe veio apenas por causa das façanhas militares – também é preciso levar em conta as obras que mandou realizar. Por exemplo: ruas pavimentadas com pedras de cal e com paredes revestidas de tijolos azuis polidos. Mas como diria Salomão, ‘vaidade das vaidades, tudo é vaidade’. Nabucodonosor ordenou que todas as pedras da calçada trouxessem a seguinte inscrição: ‘Nabucodonosor, rei da Babilónia, sou eu’. Assim, deveria ele pensar, ninguém poderá esquecer quem as tinha construído.

Modéstia à parte, Nabucodonosor fez de sua capital a cidade mais rica do Oriente. Ergueu templos maravilhosos, com estátuas de ouro maciço, edifícios grandiosos – tudo isso sem falar no palácio onde morava, cujo luxo envergonharia as mais sumptuosas moradas reais das Mil e Uma Noites. E, mais conhecidos que todo o resto, os jardins suspensos, desenhados sobre terraços elevados, cobertos de palmeiras e plantas raras. Dizem que foram construídos para matar a saudade que a Rainha Semíramis sentia dos jardins de sua terra de origem, a Média, que depois passou a Pérsia.

Tantas eram as riquezas acumuladas por Nabucodonosor na capital do império, que, para protege-las, plantou no coração da planície do Eufrates uma enorme muralha; por sinal não era a primeira: quando o vaidoso rei subiu ao poder, já existia em volta da cidade um duplo anel de muralhas; Nabucodonosor não apenas restaurou as duas como erigiu outra ainda maior.

 

Uns 2500 anos depois, ou seja, no século XIX, arqueólogos encontraram naquele local várias pedras com inscrições, entre elas a seguinte: ‘Para que nenhum ataque hostil se aproximasse dos muros da Babilónia, fiz algo diferente dos que me precederam. Desejei um terceiro muro ao redor da cidade. Cavei um fosso para ele. Forrei seus lados com asfalto e tijolos cozidos. Ergui uma parede de grande altura em sua borda exterior. Coloquei grandes passagens com portas de madeira decoradas com bronze. E, para humilhar os inimigos, para que eles jamais se ousassem a assediar o tríplice muro da Babilónia, eu cerquei a cidade com fortes correntes, como as ondas do mar. Atravessá-las seria como fazer a travessia do mar, mas, para que não ocorressem enchentes, cavei fossos e os provi de grandes represas de argila cozida.’ Declaração orgulhosamente assinada por Nabucodonosor.

Nabucodonosor acreditava num deus chamado Marduck. E ai de quem não se prostrasse ante sua estátua: era atirado num forno aceso. Loucura? A julgar pela Bíblia, sim. Conta o Livro que, em seus últimos anos de vida, o rei babilónico ficou demente, rastejava e comia grama. E louco morreu em 562 a.C.

Seus sucessores, menos insanos porém mais fracos, logo puseram a perder o que o filho de Nabopalassar conquistara. E, vinte anos depois, Ciro, rei dos persas, ocupou o império babilónico.

 

NB: Era tanta a mania de Nabucodonosor, que, um belo dia, resolveu reconstruir um grande templo desmoronado de modo que sua parte mais alta ‘rivaliza-se com o céu’, como gostava de dizer. Essa edificação só poderia ser comparada à Torre de Babel. Base e altura eram iguais: cerca de 100m2. Quantidade de tijolos empregues: 58 milhões. No alto da torre, Nabucodonosor mandou erigir um santuário consagrado a seu deus Marduk, ali representado por uma estátua de ouro, cujo brilho, de tão intenso, permitia vê-la a muitos quilómetros de distância.

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Uploaded on October 23, 2007
Taken on October 23, 2007