Juca.pt
25 de Abril Sempre!!
Lembro-me como se fosse à milénios, era tão novo. Mas ficar-me-ia para sempre a recordação daquele céu que se adensava com a perspectiva do coiro ir combater para terras do Ultramar, não faltaria muito, e de se ter dissipado completamente e dar lugar a uma luz extraordinária, a luz da liberdade .
Estou tão grato, mas tão grato por ter acontecido o 25 de Abril, não sei que tipo de pessoa teria sido sem ele, se teria lutado para me libertar fascismo, se me teria acomodado ou se deixasse que me lavassem a cabeça e não ser mais que uma peça do sistema, tinha uma idade tão perigosa, a racionalidade dava lugar a paixões descabidas com tanta facilidade, seguiria quimeras sem dar conta que as seguia, a cabeça estava tão fresca para abarcar fosse o que fosse assim viesse bem embrulhado.
Pouco tempo depois, o mais inocente dos inocentes, vou lá saber quem me levou a tal, abraça a causa revolucionária e faço o meu primeiro discurso na escola, ou antes, do discurso que se pautou pela ausência de discurso. O principal organizador da minha claque incumbiu-me de falar sobre o tema “A Bandeira Popular”, - Juca, tu amanhã vais falar sobre a bandeira popular! Bem que passei o resto do dia a pensar no tema, e ainda agora me lembro, porque é fácil de recordar como nada me ocorreu, como não fazia a mínima ideia do isso queria dizer, e recordo-me, porque ainda agora, talvez traumatizado pelo dia do discurso, não sei divagar sobre o assunto. E no dia em que, logo por azar, o plenário estava cheio, alunos e professores em peso e em silêncio respeitoso, apanágio desses dias depois da revolução, silêncio ainda mais pesado quando vêm subir à tribuna o inocente dos inocentes, qual anjo, alvo e maravilhoso na sua juventude, a pele rosada e sadia de horas passadas na rua, uma aparição que despertou curiosidade por aquele ser que não encaixava em perfil algum.
Olhei a multidão, senti o pesado silêncio que inundava o pavilhão, e, oh maravilha das maravilhas, sou acudido pela mais profunda das “brancas”, uma amnésia total e absoluta, tão absoluta e total que nem deu lugar a nervoso, apenas o vazio, um profundo vazio de emoções e de lembranças que cimentou o já pesado silêncio que caíra sobre o local. Assim fiquei, um longo minuto, assim ficaram todos numa expectativa inusitada, surrealista. Então, o meu líder, o Crespo, salta para o meu lugar, afasta-me, e declama um discurso acalorado, teórico e revolucionário como só aquela criatura precoce sabia fazer.
Mas eu, apenas por ter aparecido em tão estranhas condições, criei, apesar de tudo um impressão tão favorável e duradoura o que me valeu não ser criticado nem comentado e na memória daqueles ouvintes não ficou o discurso improvisado do líder mas sim a visão do inocente...
digo eu...
Maravilhoso 25 de Abril, maravilhosas criaturas que o levaram a cabo‼
25 de Abril Sempre!!
Lembro-me como se fosse à milénios, era tão novo. Mas ficar-me-ia para sempre a recordação daquele céu que se adensava com a perspectiva do coiro ir combater para terras do Ultramar, não faltaria muito, e de se ter dissipado completamente e dar lugar a uma luz extraordinária, a luz da liberdade .
Estou tão grato, mas tão grato por ter acontecido o 25 de Abril, não sei que tipo de pessoa teria sido sem ele, se teria lutado para me libertar fascismo, se me teria acomodado ou se deixasse que me lavassem a cabeça e não ser mais que uma peça do sistema, tinha uma idade tão perigosa, a racionalidade dava lugar a paixões descabidas com tanta facilidade, seguiria quimeras sem dar conta que as seguia, a cabeça estava tão fresca para abarcar fosse o que fosse assim viesse bem embrulhado.
Pouco tempo depois, o mais inocente dos inocentes, vou lá saber quem me levou a tal, abraça a causa revolucionária e faço o meu primeiro discurso na escola, ou antes, do discurso que se pautou pela ausência de discurso. O principal organizador da minha claque incumbiu-me de falar sobre o tema “A Bandeira Popular”, - Juca, tu amanhã vais falar sobre a bandeira popular! Bem que passei o resto do dia a pensar no tema, e ainda agora me lembro, porque é fácil de recordar como nada me ocorreu, como não fazia a mínima ideia do isso queria dizer, e recordo-me, porque ainda agora, talvez traumatizado pelo dia do discurso, não sei divagar sobre o assunto. E no dia em que, logo por azar, o plenário estava cheio, alunos e professores em peso e em silêncio respeitoso, apanágio desses dias depois da revolução, silêncio ainda mais pesado quando vêm subir à tribuna o inocente dos inocentes, qual anjo, alvo e maravilhoso na sua juventude, a pele rosada e sadia de horas passadas na rua, uma aparição que despertou curiosidade por aquele ser que não encaixava em perfil algum.
Olhei a multidão, senti o pesado silêncio que inundava o pavilhão, e, oh maravilha das maravilhas, sou acudido pela mais profunda das “brancas”, uma amnésia total e absoluta, tão absoluta e total que nem deu lugar a nervoso, apenas o vazio, um profundo vazio de emoções e de lembranças que cimentou o já pesado silêncio que caíra sobre o local. Assim fiquei, um longo minuto, assim ficaram todos numa expectativa inusitada, surrealista. Então, o meu líder, o Crespo, salta para o meu lugar, afasta-me, e declama um discurso acalorado, teórico e revolucionário como só aquela criatura precoce sabia fazer.
Mas eu, apenas por ter aparecido em tão estranhas condições, criei, apesar de tudo um impressão tão favorável e duradoura o que me valeu não ser criticado nem comentado e na memória daqueles ouvintes não ficou o discurso improvisado do líder mas sim a visão do inocente...
digo eu...
Maravilhoso 25 de Abril, maravilhosas criaturas que o levaram a cabo‼