Gustavo Vara: 20 Anos de Registros Fotográficos – Do Fotojornalismo à História Viva
Em 2004, aos 20 anos, Gustavo Vara iniciou sua trajetória no fotojornalismo desenvolvendo um olhar sensível para contar histórias através de imagens. Nesses primeiros anos, trabalhou com diversos formatos de câmeras, estudou a teoria da iluminação (natural e artificial) e fez parte da geração que estava atuando no mercado quando houve a transição da fotografia analógica para a digital. Essa transição foi um desafio técnico e econômico para os profissionais, mas, já decidido por fazer da fotografia a atividade da sua vida – Gustavo Vara acompanhou esse cenário com a inquietação e a paixão que viriam a marcar sua carreira.
No ano seguinte, foi nomeado fotógrafo oficial do gabinete do prefeito de Pelotas, Bernardo de Souza. Com olhar atento e sensibilidade para capturar histórias em seu estado mais genuíno, começou a construir um portfólio que unia técnica e emoção. Seu trabalho transmitia a urgência da informação jornalística e a estética refinada da fotografia documental, consolidando sua proficiência na fotografia institucional.
Em 2006, descobriu o talento da modelo Melanie Fronckowiak, antes de sua projeção internacional. Através de suas lentes, capturou a essência e a beleza, rara, e natural da jovem, que mais tarde se tornaria uma das modelos mais conhecidas do Brasil e do mundo. Essa descoberta expandiu os horizontes de sua carreira, levando-o a explorar a força e a expressão feminina por meio da fotografia, um estilo que se tornaria marcante de seu trabalho nos anos seguintes.
No ano de 2007, ao se mudar para Porto Alegre, expandiu sua atuação para a fotografia musical e tornou-se fotógrafo oficial da banda Fresno, iniciando essa parceria no festival Planeta Atlântida. No ano seguinte, sempre procurando aprender, iniciou no estilo “paparazzo’’ e cobriu eventos como o Festival de Cinema de Gramado, assinando pautas para revistas impressas como Contigo.
Já em 2009, atuou como freelancer para o Jornal Zero Hora, ampliando a visibilidade de seu trabalho. Nesse mesmo ano, fotografou um dos marcos de sua carreira: o show da banda Heaven and Hell, formada pelos lendários integrantes do Black Sabbath incluindo Ronnie James Dio, Tony Iommi, Geezer Butler e Vinny Appice, em São Paulo.
Em 2010, ultrapassou as barreiras estaduais e se mudou para São Paulo, onde foi requisitado pela Fresno para a cobertura da turnê do álbum Revanche. Esse disco marcou uma fase intensa da banda, e Gustavo Vara esteve presente documentando cada momento, consolidando sua presença na fotografia musical e levando seu trabalho a novos patamares dentro da cena do rock nacional.
2011: Ao lado de seu grande amigo e líder da Fresno, Lucas Silveira, Gustavo expandiu ainda mais seu repertório visual, criando fotos e vídeos documentais pelo Brasil. Essa parceria artística fortaleceu a conexão entre a imagem e a música, resultando em registros autênticos e intensos da banda e de sua trajetória.
2012: Com a saída de Rodrigo Tavares da Fresno – seu grande irmão da estrada e quem inicialmente o levou para a banda –, Gustavo encerrou esse ciclo e retornou a Porto Alegre para iniciar um novo momento em sua carreira. De volta ao Rio Grande do Sul, focou-se em trabalhar com músicos gaúchos, consolidando ainda mais sua relação com a cena artística local e expandindo seu olhar fotográfico para novas narrativas dentro da música. Cobriu shows de Ozzy Osbourne, Black Label Society, Robert Plant e KISS, registrando encontros históricos e consolidando-se como um dos principais fotógrafos do rock no Brasil.
Em 2013, a carreira fotográfica de Gustavo Vara realmente decolou de maneira impressionante. Ao registrar os primeiros momentos das manifestações que tomaram as ruas de Porto Alegre e impactaram o Brasil e o mundo, ele esteve no epicentro de um movimento histórico, capturando imagens que se tornaram símbolos de um período turbulento. Sua proximidade com o centro histórico da cidade o colocou na linha de frente desses acontecimentos.
Além disso, sua colaboração para a Rolling Stone, ao registrar o icônico show do Black Sabbath em Porto Alegre, representou um divisor de águas em sua carreira. A cobertura desse evento não apenas evidenciou sua habilidade em capturar a intensidade e a atmosfera de grandes espetáculos, mas também chamou a atenção de veículos e profissionais renomados da indústria. Esse trabalho projetou sua trajetória para um novo patamar, consolidando-o como um fotógrafo de referência no cenário nacional e abrindo portas para futuras colaborações em publicações de prestígio e eventos de grande porte.
A parceria com grandes nomes da música se fortaleceu, e um dos momentos mais marcantes dessa trajetória foi o ensaio fotográfico de Humberto Gessinger para a capa do álbum Insular. O projeto exigiu um olhar sensível e uma abordagem criativa para traduzir visualmente a essência do disco. Suas imagens capturaram com precisão a atmosfera introspectiva e conceitual da obra, reforçando sua capacidade de aliar técnica e narrativa na fotografia.
Gustavo Vara também registrou a banda Cachorro Grande, e as suas fotografias se tornaram um verdadeiro arquivo biográfico da banda e da cena musical gaúcha. As fotos que ele fez não apenas capturaram momentos épicos, mas também ajudaram a contar a história de uma geração de músicos e fãs.
Em 2014, após uma série de viagens intensas pelo Rio Grande do Sul, incluindo uma imersão na histórica região das Missões, Gustavo retornou a Pelotas para um período de respiro e reaproximação com seu próprio olhar fotográfico. Durante essa fase, dedicou-se a capturar a essência do cotidiano, explorando a cidade através de retratos e ensaios que revelavam a singularidade de seus personagens e paisagens. Além disso, trabalhou com assessoria de imprensa na tradicional empresa de comunicação, Satolep Press, consolidando sua experiência na fotografia documental e jornalística.
Em 2015 recebeu um convite da revista Rolling Stone para registrar o Monsters of Rock. Fotografou ícones como Motörhead do lendário Lemmy Kilmister, além de Ozzy Osbourne, que, em um momento inesquecível, molhou Gustavo e seu equipamento durante "Bark at the Moon".
Ao longo do ano, registrou três apresentações marcantes do Judas Priest no festival, capturando não apenas a potência sonora da banda, mas também a energia avassaladora do público. Seu olhar atento e sensibilidade para os detalhes garantiram imagens que traduzem a grandiosidade do heavy metal ao vivo. Para encerrar o ano com chave de ouro, realizou a cobertura dos shows de Glenn Hughes, ícone do rock mundial, e do lendário Jupiter Maçã, figura essencial da música psicodélica brasileira.
Em 2016, no dia exato de sua chegada a São Paulo, Gustavo se viu no centro de um momento histórico, cobrindo o massivo protesto pelo impeachment de Dilma Rousseff. Em meio à efervescência política, capturou imagens que retratavam a polarização do país, a tensão nas ruas e a força das manifestações. Pouco tempo depois, recebeu um convite para retornar a Pelotas, onde assumiu um novo desafio: documentar a campanha eleitoral de Paula Mascarenhas, que, ao vencer a disputa, tornou-se a primeira mulher a ocupar o cargo de prefeita da cidade. A experiência consolidou sua atuação na fotografia política, exigindo olhar estratégico, discrição e a capacidade de traduzir, em imagens, a narrativa de uma candidatura vitoriosa.
Em 2017, foi nomeado fotógrafo-chefe da assessoria de imprensa da Prefeitura de Pelotas, tornando-se o fotojornalista oficial das agendas da prefeita Paula Schild Mascarenhas. Sua missão ia além do simples registro de eventos institucionais: ele passou a documentar, com olhar apurado, a trajetória da primeira mulher a comandar o Executivo municipal, captando os desafios, conquistas e momentos emblemáticos de sua gestão. Acompanhando de perto a rotina política e administrativa, construiu um acervo visual que não apenas ilustrou a comunicação oficial da prefeitura, mas também ajudou a contar a história de uma nova fase na política pelotense, reforçando o papel da fotografia como ferramenta essencial na narrativa do poder público.
O ano de 2018 foi marcado por coberturas intensas, com destaque para a eleição de Eduardo Leite ao governo do Rio Grande do Sul. Antecessor e aliado político da prefeita Paula Mascarenhas, Leite fez história ao se tornar o primeiro governador eleito oriundo da região sul do estado em mais de cem anos. A campanha exigiu um olhar estratégico para os bastidores e a mobilização popular em torno de um político jovem dedicado à vida pública.
Em 2019, no ano que antecedeu a pandemia, registrou a visita do então presidente Jair Bolsonaro a Pelotas, um evento que mobilizou a cidade e gerou grande expectativa entre apoiadores e opositores. Sem imaginar a reviravolta global que estava por vir, a cobertura exigiu atenção aos detalhes, desde a recepção oficial até as manifestações populares. O registro desse momento simbólico tornou-se ainda mais significativo diante das mudanças políticas e sociais que se desenrolariam nos anos seguintes, marcando um ponto crucial na documentação da história recente do país.
Em março de 2020, com o início da emergência sanitária mundial da COVID-19, Gustavo passou a documentar diariamente os desdobramentos da crise em Pelotas. Suas lentes captaram desde ruas desertas e comércio fechado até hospitais lotados e profissionais de saúde exaustos na linha de frente. Com um olhar sensível e preciso, registrou o impacto da pandemia na vida da população, criando um testemunho visual poderoso de um dos momentos mais desafiadores da história recente. Seu trabalho tornou-se essencial para a memória coletiva da cidade, ajudando a ilustrar a gravidade da situação e a importância das medidas de combate ao vírus.
O ano de 2021 foi marcado por um misto de esperança e incerteza. Com a chegada das vacinas, o mundo ensaiava um retorno à normalidade, mas as cicatrizes da pandemia ainda eram visíveis em cada esquina. Gustavo continuou registrando esse período de transição, documentando a reabertura gradual da cidade e o impacto emocional da crise sanitária. Suas coberturas do lockdown, com ruas desertas e um silêncio fotográfico marcante, tornaram-se um reflexo visual da resiliência e das dificuldades enfrentadas pela população. Seu trabalho ajudou a narrar não apenas a pandemia, mas também o lento processo de reconstrução social e econômica que se seguiu.
O ano de 2022 ainda carregava os resquícios da pandemia, com cicatrizes visíveis tanto na rotina da população quanto no cenário urbano. Máscaras continuavam a aparecer em muitas de suas fotos, simbolizando a transição entre o medo e a adaptação. Gustavo descreve esse período como um ano sombrio, marcado por incertezas, recuperação lenta e desafios econômicos. Seu trabalho continuou documentando os impactos da crise, registrando desde a volta gradual dos eventos culturais até a resiliência de comerciantes e trabalhadores que lutavam para reerguer seus negócios. Cada imagem capturada refletia não apenas a persistência das marcas deixadas pela pandemia, mas também os primeiros passos em direção a um novo capítulo.
Em 2023, com a população finalmente se sentindo livre da crise sanitária, as ruas voltaram a pulsar com a energia da retomada. Eventos culturais, encontros e a vida social foram retomados sem restrições, e a fotografia de Gustavo acompanhou essa transformação. No entanto, buscando novos olhares e desafios, ele decidiu explorar áreas rurais e remotas, afastando-se do ritmo frenético da cidade para se conectar com a natureza. Seu foco passou a ser a relação entre o homem e o ambiente, registrando a fauna, a flora e o cotidiano das comunidades que vivem longe dos grandes centros urbanos. Suas imagens desse período revelam um olhar mais contemplativo e poético, capturando a simplicidade e a profundidade da vida em meio à vastidão natural.
Em 2024, Gustavo Vara vive um dos anos mais intensos de sua carreira, marcado pela cobertura da devastadora enchente que assolou o Rio Grande do Sul. Desde os primeiros alagamentos em Pelotas, ele esteve na linha de frente, acompanhando de perto as operações da Defesa Civil, resgates de vítimas e a mobilização de voluntários. Suas imagens não apenas documentaram a tragédia, mas também ajudaram a sensibilizar o público e impulsionar campanhas de ajuda humanitária. Seu trabalho teve grande impacto, com fotografias e vídeos amplamente compartilhados, incluindo registros usados por veículos de imprensa internacionais. Entre eles, a CNN Brasil, que utilizou suas imagens para ilustrar a dimensão da catástrofe.
Duas décadas depois, Gustavo se tornou um grande nome na fotografia brasileira. Sua trajetória é marcada por coberturas impactantes, que capturam momentos históricos com profundidade e sensibilidade. Com um olhar apurado e uma abordagem que equilibra técnica e emoção, seu trabalho não apenas registra a realidade, mas provoca reflexões e amplia a compreensão dos fatos. Seu compromisso inabalável com a narrativa visual o mantém na vanguarda da fotografia, sempre em busca de novos desafios e formas de contar histórias através da luz.
O Passado, o Presente e o Futuro
Este relato é um guia dos vinte anos de uma carreira intensa e marcada por registros de momentos históricos que transformaram o Brasil e o mundo. Ao longo desse tempo, Gustavo Vara não apenas documentou a realidade, mas também ajudou a contar a história através de suas lentes. Agora, a pergunta que fica é: quais cenas irão compor as próximas duas décadas?
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- JoinedAugust 2007
- OccupationRepórter Fotográfico
- CountryBrasil
- Emailgustavovara@gmail.com
- Websitehttp://gustavovara.org
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