Terceira versão de mim sobre mim mesma!

 

Já queimei todas as chaleiras de casa. Já queimei a língua também, mas assumo menos que as chaleiras. Sou totalmente desastrada, ao ponto de tropeçar no ar. Gritava numa banda, o que me deu bom suporte para gritar em salas de aula, mas quase não uso este recurso, prefiro a sabedoria do silêncio nestas horas. Prestei vestibular para exatas, biológicas e humanas; mas o destino preferiu tornar-me a ovelha negra da família e me formei em Artes e Fotografia. As outras áreas meus irmãos preencheram, a mais nova na Matemática e o mais velho na Veterinária. Por falar em família, gosto de beliscar minha mãe quando ela está com as mãos ocupadas, geralmente ela revida minhas cutucadas pentelhas, é uma das formas que encontramos para demonstrar carinho. Amei verdadeiramente a Charlotte, mais do que a maioria dos seres que passaram por minha vida, hoje, corro atrás da Cherry e da Carpem Die para mendigar um afago (mas elas só o fazem na hora da fome, maledetas). Sou sincera demais, logo, meus amigos são as seletas pessoas que o tempo preservou ao meu lado, são os que conseguiram ouvir tudo o que tive para falar, e de mim, conseguem todo meu melhor – se por um acaso eu tiver esta parte. Temo em um dia resolver ter uma criança, torná-la sem querer querendo num novo ditador (afinal, já ando me esforçando para transformar os filhos dos outros em revolucionários), torçam para que se isso ocorra, eu seja um pouco mais sã e responsável. Não me vejo louca na verdade, as pessoas ao meu redor que acham – geralmente muito leigos ao meu respeito – me definem assim e eu tendo a pensar “quem pouco viu, muito se maravilha”. Odeio pessoas que falam gritando, as guerras, a violência, a desigualdade, o descaso, a falta de compromisso, de honra da palavra, incompetência, achismos e burrice – mas infelizmente terei que conviver com isso por toda a minha existência. Gosto de ter flores em casa acredito que elas ajudam com suas cores, pena não ser boa para cuidar das mesmas (aliás, lembrem, eu queimo as chaleiras). Como terapia escrevo, arrumo o guarda-roupa e durmo, aliás, dormir é uma das coisas que mais me apetece. Não sou fã de crianças, mas geralmente elas grudam em mim e naquele instante, minha opinião muda. Já quebrei muitos dogmas, dentes e braços, hoje, acredito que eles surgiram para serem quebrados mesmo. Agora para falar a verdade, o bom era ser criança, aí me escondo numa pseudo crise de Peter Pan e tento suportar as outras coisas da vida de gente grande que não precisaram ser citadas.

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  • JoinedSeptember 2005
  • OccupationDocente em Arte, Fotógrafa, Artista Visual
  • HometownLondrina

Testimonials

Apesar de ultimamente pouco nos vermos, sempre me lembro de você: da sua alegria, da sua sagacidade, da nossa amizade! Camila, adoro você, e sua fotos também. Abraço de saudade... Cello

August 21, 2007
Nessa says:

Camilafa é irmã de coração, já começa daí... amo sua maneira de ver o mundo e suas fotos também, claro. Vida longa à artista querida que mora longe de mim mas está sempre por perto, no meu coração de biscoito. Te amo, querida.

October 6, 2005