PINTOR CAROLINO RAMOS

 

Carolino José Nicolau Ramos nasceu na freguesia da Areosa, Viana do Castelo, a 19 de julho de 1897 e faleceu a 8 de abril de 1961.

Iniciou a sua formação na Escola Elementar de Desenho Industrial de Nun’Alvares, em Viana do Castelo, criada em 1888, tendo aí sido também professor das disciplinas de Desenho e Modelação, acumulando funções com atividade no ramo da construção civil.

Frequentou no Porto a Escola de Arte Aplicada entre 1915 e 1916, e apesar de não ter terminado os estudos, esse percurso contribuiu para o aperfeiçoamento das suas técnicas de ornamento arquitetónico e desenho.

A permanência no Porto permitiu-lhe o contacto com o espólio de grandes artistas, na sua maioria pintores, com um papel relevante para no meio académico e artístico da cidade do Porto.

Em vida, realizou oito exposições. Nos seus trabalhos a óleo, pastel, guache e aguarela ou nos desenhos a lápis, caneta e carvão, conseguiu transmitir o pulsar da cidade, principalmente da sua Ribeira; dos velhos pescadores de rostos encardidos e duros, com as marcas do mar, figuras populares, personagens anónimos, mendigos e pedintes, mas também o património arquitetónico, paisagístico e cultural da cidade e das freguesias: os monumentos, as ruas, praças, feiras e romarias

 

Carolino Ramos, homem de múltiplos ofícios também tem a sua faceta de desportista, vencendo em 1927, o Campeonato de Portugal de Tiro.

 

A 20 de janeiro de 1997, a Câmara Municipal de Viana do Castelo, decidiu atribuir-lhe o título de “Cidadão de Mérito” devido a ser uma referência enquanto artista na arte da pintura e que tanto contribuiu para impulsionar a cultura de Viana do Castelo.

 

O espólio doado à Camara Municipal de Viana do Castelo, em 2018, por Rui Ramos, neto do pintor, compreende cerca de dois mil trabalhos, realizadas por Carolino Ramos entre 1920 e 1960, e são maioritariamente constituídos por desenhos, esboços e estudos a que se juntam uma dezena de pinturas a óleo, e três dezenas de pinturas a aguarela e guache e cerca de duas dezenas de cadernos e blocos de apontamentos.

Predominam no conjunto, os desenhos preparatórios, esboços e estudos, e em menor número, desenhos acabados, que possuem um valor próprio, considerando estes, por si só, obras de arte.

  

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“Carolino José Nicolau Ramos” was born in the Parish Council of “Areosa” Viana do Castelo in Jully 19th 1897. He passed away on April 8th 1961.

 

He started his academic training in the Industrial Design Elementary School of “Nun’Alvares” in Viana do Castelo. There he lectured Design and Modelling subjects, cumulating tasks with some activities in the civil engineering area.

 

In Oporto city, he attended Applied Art School between 1915 and 1916, and even though he didn´t go all the way through, the journey actually helped him to improve his architectural prop and design techniques.

 

During his stay in Oporto city, he encountered great artists, most of them painters playing an important role amidst the artistic and academic community.

 

He held eight exhibits in the city of Viana do Castelo. Whether it was his oil, pastel, gouache and aquarelle related works. He really managed to convey the city’s pulse, mainly its Riverside area; from the old fishermen folks with their sturdy faces, weary from the sea, popular figures, anonymous characters, beggars, but also its architectural, environmental and cultural heritage from the city and its councils: the monuments, streets, squares and popular festivities.

 

“Carolino Ramos”, a multifaceted man, also driven by sports, winning in 1927 the Shooting Portuguese Championship.

 

On January 20th 1997, Viana do Castelo Municipality Town hall decided to reward the man with the title of “Citizens’ Merit”, due to his accomplishments regarding the painting art community, to which he gave so much when it comes to actual promulgation of Viana do Castelo cultural and artistic heritage.

 

In 2018, “Rui Ramos”, the painter’s nephew donated the legacy to Viana do Castelo Town hall. This donation includes around two thousands art works from the artist “Carolino Ramos”, between 1920 and 1960. Mainly drawings, sketches and studies completed by approximately ten oil paintings, three dozen aquarelles, gouaches, and around two tens of notebooks and notes.

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MUSEU DE ARTES DECORATIVAS

 

Quando nos anos 1920 se começou a pensar em criar um Museu em Viana foi criada uma Comissão para a organização de um Museu na cidade, de que faziam parte o presidente da Câmara, Rodrigo Abreu e os estudiosos Cláudio Basto, Luís Figueiredo da Guerra e Luís Augusto Oliveira. Nessa altura decidiu-se comprar um edifício condigno para a sua instalação e logo se pensou na possibilidade de adquirir este magnifico edifício, o que veio a acontecer.O Museu foi aberto nas Festas da Senhora d’Agonia de 1923, tendo sido noticiado no jornal Aurora do Lima de 17 de Agosto de 23: “Exposição de pintura: Amanhã é inaugurado o Museu Regional, instalado na «Casa das Figuras» hoje propriedade da Câmara Municipal, no largo de S. Domingos. N’uma das salas d’aquele palacete terá o visitante de apreciar uma linda exposição de quadros do nosso amigo sr Rubens Martins” e, na edição de 24 de Agosto, refere “Tem sido muito visitado o Museu Regional e admirados os lindos azulejos das paredes das suas salas e admirados os objectos expostos, entre elles uma linda collecção de photographias do distincto amador, sr. Manuel Affonso. A collecção de quadros de Rubens Martins também tem sido muito apreciada”. Estranhamente, um equipamento tão desejado na cidade, teve uma abertura muito discreta e sem cerimónias protocolares, parecendo que a exposição de fotografias de Manuel Afonso ou dos quadros de Rubens Martins foi o verdadeiro motivo da abertura do museu.Nos primeiros anos do museu foram expostas peças arqueológicas, sobretudo recolhidas nas escavações da citânia de Santa Luzia, alguns objetos relacionados com a vida municipal, já em desuso, como as varas de vereadores, e o aferidor de medidas da alfândega, e outras recolhidas na demolição de edifícios importantes, como são as pedras de armas.

Juntamente com O Museu ficou instalada a biblioteca, até ao ano de 1966.É então que dois dos coleccionadores, Luís Augusto Oliveira e Serafim Neves se encarregam cada um de uma sala que fica com o seu nome, onde expõem peças da sua colecção pessoal, iniciando assim um segundo período da vida do Museu

 

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MUSEU DO TRAJE

  

O Museu do Traje de Viana do Castelo foi criado em 1997, assumindo a missão de estudar e divulgar a identidade e o património etnográfico vianense através do seu expoente máximo, o traje à vianesa.

Por traje à vianesa entendemos o traje feminino, popular, rural, usado nas aldeias em redor de Viana do Castelo, que adquiriu características que o individualizam e tornam imediatamente identificável. Este traje foi usado desde meados do século XIX até meados do XX.

Ao longo do século XX, e coincidindo com o momento em que começou a deixar de ser usado e a perder o seu papel na vida sócio cultural, o traje foi sendo objecto do olhar de estudiosos que lutaram pela manutenção do seu uso quotidiano. Depois, percebendo que tal não era possível, procuraram outras formas de preservar a sua genuinidade, o que acabou por acontecer num conjunto de práticas performativas de que resultaram os grupos folclóricos e a sua elevação à categoria de atracção principal das festas da cidade, em honra da Senhora da Agonia.

Desta forma o traje manteve as suas características e identidade, mesmo quando começou a ser usado em situações descontextualizadas do uso original (fantasia de Carnaval, roupa exótica usada em fotógrafos profissionais, imagem de propaganda e publicidade comercial). Estes usos afastados do uso original foram ajudando a conferir novos significados ao traje: proximidade com o mundo tradicional e com a ruralidade, alegria e criatividade, cerimonialidade, etc, e tiveram – apesar de por vezes serem usados com intenções de parodiar os seus utilizadores genuínos - o efeito benéfico de espalhar e tornar imediatamente reconhecida a imagem do traje em todo o país.

Ganhou assim um extraordinário valor simbólico, tornando-se num ícone maior da identidade vianense e também nacional.

É neste quadro que a criação de um museu dedicado à etnografia vianense - e muito particularmente ao traje – para divulgar a criatividade das raparigas da região na confecção dos seus trajes foi, desde o início do século XX, uma aspiração dos vianenses e por ele lutaram estudiosos como Cláudio Basto, Abel Viana, Afonso do Paço, Manuel Couto Viana, Conde de Aurora, José Rosa de Araújo, Maria Emília de Vasconcelos, Amadeu Costa e Benjamim Pereira, entre muitos outros.

Inicialmente, a tutela do Museu foi entregue à Comissão de Festas da Senhora d’Agonia e funcionou como uma galeria de exposições temporárias, com exposições de traje organizadas por Amadeu Costa.

A Câmara Municipal assumiu a sua tutela em 2000, com a colocação de um técnico superior responsável pelo espaço, e começou a delinear as linhas programáticas que conduziriam à definição da missão e objectivos do museu que serviram de base à candidatura à Rede Portuguesa de Museus.

Foram atribuídas ao novo museu as funções museológicas que a Lei-Quadro dos Museus Portugueses consigna de recolher, preservar, estudar/produzir informação e comunicar/divulgar elementos relacionados com os modos de vida tradicional e a identidade cultural alto minhota. Sendo o traje popular rural feminino, usado nas aldeias em redor da cidade de Viana do Castelo, habitualmente conhecido como “Traje à Vianesa” ou “à Lavradeira” o elemento mais conhecido e celebrado da etnografia minhota, foi o motivo para a atribuição do nome a este Museu.

O museu assume também, assim, um papel de comunicar e potenciar o valor informativo do traje, que é tanto mais importante quanto está sempre presente na divulgação da cidade e da região e, naturalmente, não é possível nos nossos dias encontrá-lo no seu “ambiente natural” (excepto em situações especiais, como festas, romarias e festivais de folclore).

O museu iniciou em 2002 o processo de adesão à Rede Portuguesa de Museus, tendo sido certificado em 2004, o que lhe confere grandes responsabilidades no estudo, conservação e divulgação dos bens culturais.

Foi também em 2004 que o Museu apresentou a sua primeira exposição permanente, intitulada A Lã e o Linho no Traje do Alto Minho, comissariada por Benjamim Pereira.

Em 2007 o edifício sofreu grandes obras de adaptação às funções museológicas, com a conquista de espaços para exposição, reservas, serviços educativos, tertúlias e administração que melhoraram consideravelmente as condições para o cumprimento das funções museológicas.

No âmbito da sua actividade de conhecimento do território, o museu desenvolveu ainda um conjunto de cinco núcleos museológicos temáticos, espalhados pelas freguesias rurais do concelho: em Outeiro dedicado ao pão, em São Lourenço da Montaria aos moinhos de água, em Carreço aos moinhos de vento e às actividades agro-marítimas, em Castelo de Neiva à apanha do sargaço.

Ao longo deste período apresentou cerca de meia centena de exposições temporárias e duas exposições de longa duração e, até 2010 o museu foi visitado por cerca de 160 mil pessoas, sendo uma grande fatia deste número constituído por visitas escolares de alunos que assim ficam a conhecer melhor o traje cuja imagem reconhecem do seu dia a dia.

 

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

1981

MAGALHÃES, Calvet, NOGUEIRA, Rolando Sá, ARAÚJO, Armando [Grupo ERA], 1981, Carolino Ramos, Viana do Castelo, Centro Cultural do Alto Minho S.C.A.R.L. [Catálogo da exposição realizada de 14 a 28 Novembro no Salão da Cultura de Viana do Castelo; textos de Grupo ERA, Severino Costa e Alberto Couto]

 

1997

ABREU, Alberto A. (org.), 1997, Carolino Ramos: retrospectiva de um percurso artístico, Viana do Castelo, Câmara Municipal de Viana do Castelo. [Catálogo da exposição]

2016

CAMPELO, Álvaro, FAGUNDES, Gonçalo, 2016 , Carolino Ramos: a pulsão pela arte, Viana do Castelo, Câmara Municipal de Viana do Castelo, Centro Cultural do Alto Minho.

 

2018

Pintores da nossa Cidade: 3 séculos a Pintar Viana, Viana do Castelo, Câmara Municipal de Viana do Castelo. [Catálogo da exposição realizada em Janeiro de 2018 no Museu de Artes Decorativas de Viana do Castelo]

  

2019

[s. n.], 2019, Carolino Ramos: quatro décadas a desenhar Viana, Viana do Castelo, Câmara Municipal de Viana do Castelo. [Folheto editado com as exposições realizadas no Museu de Artes Decorativas e no Museu do Traje, de Viana do Castelo, na ocasião da doação por Rui J. G. Ramos do espólio de Carolino Ramos à Câmara de Viana do Castelo; texto de Rui J. G. Ramos]

 

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TOPONÍMIA CAROLINO RAMOS

 

www.google.com/maps/place/R.+Carolino+Ramos,+Viana+do+Cas...

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ESCULTURAS DE CAROLINO RAMOS

 

Casas em Areosa com projecto e construção de Carolino Ramos:

 

www.google.com/maps/@41.6987747,-8.8454884,3a,75y,65.03h,...

 

www.google.com/maps/@41.696765,-8.8438336,3a,75y,57.06h,8...

 

Escultura em gesso na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, Viana do Castelo, de autoria de Carolino Ramos:

 

olharvianadocastelo.blogspot.com/2009/12/pormenores-na-ci...

 

Escultura de Carolino Ramos em Monserrate, do escultor Salvador Vieira.

 

viajaredescobrir.blogspot.com/2019/01/portugal-viana-do-c...

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  • JoinedJune 2019
  • HometownViana do Castelo
  • Current cityViana do Castelo
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